Fui visitar uns amigos e bisbilhotando na biblioteca encontrei este livrinho. Fiquei curioso e acabei comprando para ler um tanto sobre o Rio de Janeiro. Não é um livro memorável. Me parece que a idéia de Motta, jornalista muito conhecido por seu envolvimento com a música popular brasileira e os batidores do poder, era contar em ficção um pouco daquele Rio de Janeiro que ele viu morrer durante o golpe militar de 1964. Seu livro descreve um pouco dos anos loucos do governo Juscelino Kubitschek, onde parecia que o Brasil estava destinado mesmo a ser feliz e dormir para sempre em berço explêndido. Me parece que ele fez uma lista de tudo de exótico à nossos olhos de hoje que ele lembra daquela época e foi citando aqui e acolá no livro os termos, as marcas, as gírias, o linguajar carioca arrastado, os mitos e os preconceitos, o carnaval e o futebol. Claro que este é um assunto caro a memória afetiva dele, um paulista que adotou o Rio e fez toda sua carreira profissional em torno da vida cultura de lá, mas a história é muito simples, linear mesmo, difícil você ser surpreendido com as muitas reviravoltas e o desfecho. Certamente ele é melhor produtor musical que um imaginativo escritor que pretende ser. Tudo é glamuroso demais, artificial demais. Marx dizia que você só conhece de fato um povo se comer seu pão e beber seu vinho e conversar com cada sujeito deste povo olhando-o nos olhos. Nelson Motta neste livro parece a antítese disto, pois o dia a dia da classe média carioca é mostrado como em uma novela de época pasteurizada. Talvez eu esteja sendo cruel demais, mal acostumado que estou com as belas descrições de Barcelona que o Vazquez Montalbán faz, mas o livro está lido, então deve ser aqui registrado. Vamos em frente.
Ao Som do Mar e à Luz do Céu Profundo, Nelson Motta, Editora Objetiva, 1a. edição (2006) ISBN: 978-85-7302-793-2
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