terça-feira, 19 de junho de 2007

gregos

Este é um livro da série Carvalho escrito à beira mar, perto da Barceloneta, com a estátua de Colón apontando a direção das américas ao fundo. O livro fala de gregos e falar de gregos é falar um tanto do mar e da relação dos homens com o mar. Há as inevitáveis e pantagruélicas receitas de Carvalho para seu amigo Fuster; há as choramingas de Charo e seus planos de se mudar para Andorra; há os lamentos pela morte recente de Bromuro; há dois casos em paralelo para serem resolvidos e duas mulheres a enrodilhar Carvalho. O livro se passa às vésperas das olimpíadas de Barcelona, a cidade repleta de obras e de seres humanos antecipando os lucros com a enxurrada de turistas. Como se trata do início dos anos 1990 há um pouco da decadência dos projetos socialistas, do enfrentamento com a agressividade da AIDS, do reposicionamento de todos frente a modernidade e do milênio que se aproxima. É um belo livrinho, com poucas reviravoltas desta vez, mostrando um detetiva Carvalho na crise da meia idade, chorando por perceber em si comportamento típico de um adolescente cansou de interpretar um papel mais cínico e auto-suficiente. O amor e o amor ao mar são os temas dominantes. Recomendado para todo aquele que não perdeu a capacidade de amar nestes tempos bicudos em que vivemos.
"O Labirinto Grego", Manuel Vázquez Montalbán, tradução de Bernardo Joffily, editora Companhia das Letras, 1a. edição (1992) ISBN: 85-7164-258-3

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