Descobri recentemente que se mantiver meu ritmo dos últimos anos terei à idade de meu pai lido algo em torno de 2000 livros. Senti um friúme pois minha biblioteca pessoal já tem uns tantos mais volumes que este número mágico e minha cota de leituras pareceu-me já estar a priori definida pelas escolhas que fiz no passado. Entretanto, como os livros têm mesmo a capacidade infinita de nos surpreender, eis que resgatei de um desvão da estante este curioso livro de Alberto Manguel, publicado no ano passado. Em "A Biblioteca À Noite" ele analisa com muita precisão vários aspectos do processo de colecionar livros e apresentá-los sob alguma ordem em bibliotecas. Praticamente tudo relacionado ao procedimento de montar uma biblioteca é discutido: sua arquitetura, seus sistemas de catalogação, sua fragilidade, sua perenidade, sua presença no imaginário do homem contemporâneo, sua vastidão, a constatação do quão fortuitas são as escolhas de cada volume. Quem não passou bons momentos em uma vasta biblioteca pública ou em uma biblioteca repleta de sombras e ruídos estranhos de um tio ou um amigo mais velho de seus pais? Qualquer leitor que tenha experimentado a magia de ter, frequentar e montar uma biblioteca certamente encontrará neste livro um excelente guia e fonte de inspiração para reflexões sobre o hábito da leitura. Há várias reproduções ilustrando o livro e um bom índice remissivo. Apesar de achar que o tom francamente pessoal poderia ser um tanto mais velado, não há como não recomendar a leitura desde original livro.
"A Biblioteca À Noite", Alberto Manguel, tradução de Samuel Titan Jr., editora Companhia das Letras, 1a. edição (2006) ISBN: 85-359-0881-1
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