terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

animal agonizante

Já li vários livros de Philip Roth. Sempre instigante ele é um de meus favoritos. Lembro sempre do impacto da leitura de "O teatro de Sabbath" e das diversões de "O complexo de Portnoy". Noutro dia achei perdido na estante este "O animal agonizante", sua capa vermelha, vibrante, parecia mesmo me chamar atenção. Li rápido e com muito prazer (são pouco mais de 150 páginas). Acho mesmo que serve para um leitor conhecer o ritmo e os temas do sujeito. Não que seja um livro fácil, longe disto. Os temas principais são duros, tratados sem dó pelo autor, afinal ninguém fala de educação, sexo e morte sem deixar marcas indeléveis pelo caminho. Não li os livros anteriores dele onde o personagem principal (David Kepesh) também aparece (O seio, O professor do desejo, publicados no Brasil em meados da década de 1970). De qualquer forma "O animal agonizante" se explica sozinho: um professor universitário bastante respeitado descreve como uma aluna de seios generosos muda radicalmente sua forma habitual de envolvimento afetivo e amoroso (sempre com moçinhas muito mais jovens do que ele). Escrito retrospectivamente, lembra algo de Proust, não o Proust de "O caminho de Swann" (óbvio demais), mas o Proust de "O fim do ciúme", um conto de "Os prazeres e os dias". Ao envolver-se com a ex-aluna o personagem principal fica dividido e impotente entre o turbilhão da paixão e o porto seguro da razão. Claro, Philip Roth, sem otimismo e sempre exagerado, não deixa apimentar um tanto o enredo incluíndo a descoberta de um câncer e seus desdobramentos, uma cruel descoberta que no fundo gera uma chance de redenção pessoal. Não somos mesmo apenas humanos afinal de contas?
"O animal agonizante", Philip Roth, tradução de Paulo Henriques Brito, editora Companhia das Letras, 1a. edição (2006) brochura 14x21cm, 128 pág., ISBN: 978-85-359-0843-5

Um comentário:

Bee disse...

Oi, Agunaldo! Fiz questao de procurar algum comentário teu sobre Roth porque vi um filme aseado nesse livro dele, "O animal Agonizante". O filme é "Fatal", com Penélope Cruz. Na hora, pensei: "Aguinaldo deve ter lido essa história!". Vale dar uma olhadinha nessa outra leitura de Philip Roth.
Abração!