Quando eu vi a imagem ao lado em um bloco de cartões postais anos atrás fiquei maravilhado de pronto. Um sujeito que consegue captar esta sensação forte que é ter o vislumbre dos pés de uma moça ao caminhar deve mesmo ter algo a dizer. Muito apropriado e delicado. Mas eu tive de esperar um bom tempo para achar os livros da coleção "Optic Nerve" que Tomine publica desde 1991. Abaixo eu já resenhei "Sonámbulo" e suas 19 histórias curtas. Aqui em "Rubia de Verano" temos apenas 4 histórias mais longas, que valem por novelas curtas eu diria, em contraposição aos contos anteriores. Gosto mesmo do traço utilizado por Tomine. Somos apresentados aqui, de forma ainda mais contundente, ao mundo das pessoas que ficam a margem dos acontecimentos, mesmo que este afastamento seja por vontade própria ou ainda por curtos períodos. Em uma das histórias temos um escritor sem assunto, perdido após a publicação de seu primeiro livro; no segundo vê-se um sujeito atraído por uma mulher que ele sabe infiel a um conhecido seu, mas que tem escrúpulos demais para admitir os dois sentimentos; na terceira história uma moça se divide entre manter sua extrema independência e a necessidade ocasional de conversas e relacionamentos; e na última um rapaz se aproxima por vias tortas de uma garota cujos aborrecimentos na escola secundária superam em muito os seus. São enredos simples, mas que permitem leituras bastante ricas e variadas. Vou ficar a espreita de algum outro livreto deste sujeito, bom observador da vida e dos sucessos dos homens e das mulheres.
"Rubia de Verano", Adrian Tomine, tradução de Alejo Garcia Valearana, ediciones La Cúpula, 2a. edição (2006) brochura 16.5x24cm, 128 pág. ISBN:978-84-7833-622-7
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