Harold Bloom escreveu este pequeno livro, lindamente ilustrado, sintético, didático até, talvez pensando nos jovens que têm pouco tempo para ler ou nas pessoas que se interessam pela mítica dos anjos mas jamais leriam um livro técnico escrito por um especialista como ele sem torcer o nariz. Utilizando sua vasta cultura ele pinça de uma série de grandes obras literárias o uso prático do conceito de anjo, especialmente o de anjo caído. Os textos bíblicos, bem como os escritos de santo Agostinho, Shakespeare, John Milton, Ibsen e Tony Kushner (um dramaturgo de nosso agitado século) são algumas das fontes de Bloom na sua argumentação. Lê-se este livro com curiosidade, mas nem de longe ele esgota o assunto, apenas nos aponta o caminho, como que dizendo: vá para os clássicos, leia os grandes poetas, aprenda algo sobre si mesmo nos textos fortes do passado. Para ele os anjos representam tanto a morte e a queda quanto o amor e a própria humanidade. As idéias de Bloom nunca são simples e eu mesmo me sinto um tanto incomodado com o quase flerte com uma espécie de deidade que ele insiste em praticar, mas não há como negar que este livro é uma bela iniciação a seu estilo envolvente e sua argumentação forte.
“Anjos caídos”, Harold Bloom, tradução de Antônio Nogueira Machado, editora Objetiva, 1a. edição (2008), brochura 13,5x18,5cm, 83 págs. ISBN: 978-85-7302-919-2
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