terça-feira, 4 de maio de 2010

o sonhador

Este é o tipo de livro infanto-juvenil que não insulta a inteligência dos jovens e das crianças (nem dos adultos tampouco). São sete contos (como as vidas de um gato) onde acompanhamos os sonhos bastante realistas de um garoto, Peter. Nestes sonhos, um misto de magia e invenção, imaginação, mergulhamos no mundo interior de um rapaz que se sabe crescendo em um mundo que não é exatamente acolhedor. As histórias são comuns, como aquelas que partilhamos com os amigos quando relembramos nosso passado e percebemos de pronto quão similares elas são. Peter pensa falar com as bonecas de plástico de sua irmã; pensa trocar de corpo com o velho gato da família, que tem uma última experiência felina, com a alma renovada pelo garoto; pensa encontrar um creme de invisibilidade; pensa confrontar e vencer mentalmente o garoto forte e agressivo de sua escola; pensa ser um detetive que resolve o mistério de furtos na vizinhança de sua casa; num lance de mágica troca o corpo de um primo chato com o de um bebê dos vizinhos; reencontra amigos na praia que serão seus amigos na vida adulta e se percebe subitamente mais velho, realmente adulto. Tudo acontece neste mundo de fantasia, mas McEwan sabe recuperar estas experiências bem juvenis, estas memórias que brincam com o real, de uma forma realmente inovadora. É um belo livro para se presentear aos filhos dos amigos, aquelas criaturas maravilhosas que ainda sabem sorrir e se divertir sem culpa, criativos sonhadores que são. [início 15/04/2010 - fim 19/04/2010]
"O sonhador", Ian McEwan, ilustrações de Anthony Browne, tradução de Roberto Grey, editora Rocco, 1a. edição (1998), brochura 16x23 cm, 103 págs. ISBN: 85-325-0860-X

2 comentários:

C. Vieira disse...

Oi!...

Bom fim de semana pra ti!

Samir Machado disse...

Bons comentários sobre o livro. Li recentemente também, e me lembrou muito as histórias de Calvin e Haroldo, pela forma inteligente com que misturou a imaginação do garoto com suas percepções do mundo adulto. Espero que crianças ainda consigam apreciar um livro como esse hoje em dia, tanto quanto os adultos.