Dois senhores quase octagenários conversam sobre tudo relacionado ao livro. Isto significa que discutem o próprio estado da cultura do homem, discutem a memória histórica do homem moderno. Os dois senhores são Umberto Eco (um italiano do norte) e Jean-Claude Carrière (um francês do sul). As entrevistas, ou ainda melhor, as conversas, são intermediadas por um jovem jornalista, Jean-Philippe de Tonnac. Mais do que o título do livro pode sugerir o que encontra neste aqui não é apenas um debate sobre o futuro do livro. Os dois conversam sobre seu amor aos livros, sobre a história da evolução do livro como um suporte ideal, perfeito, para a informação. Ambos bibliófilos, falam da fortuna errante do livro, das coleções, de como formar, utilizar, se desapegar e doar uma biblioteca às futuras gerações. Carrière cita várias vezes um amigo dele, também apaixonado por livros, o recentemente falecido José Mindlin. As reflexões, que misturam erudição e bom humor, nos fazem pensar sobre os desafios do presente e do futuro, onde um mar de informações parece nos sufocar (o futuro era melhor antigamente, diz um deles, com bom humor). É a capacidade de síntese, de seleção do que é importante e do que é trivial em tudo que nos é oferecido no veloz mercado da cultura, que deve ser cultivado, que deve ser ensinado. Há muito neste pequeno livro, nesta pequena jóia, principalmente por não ser necessário concordar automaticamente com tudo o que os dois sábios apresentam. Este é o tipo de livro que deixarei sempre por perto. [início 27/05/2010 - fim 29/06/2010]
"não contem com o fim do livro", Umberto Eco e Jean-Claude Carrière, tradução de André Telles, editora Record, 1a. edição (2010), brochura 14x21 cm, 269 págs. ISBN: 978-85-01-08853-6
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