Robert Crumb é um dos artistas gráficos mais importantes da segunda metade do século passado e continua ativo, maluco e criativo. Ele é um dos grandes nomes do movimento underground no universo dos quadrinhos (dos cartoons americanos) e certamente influenciou gerações de ilustradores e quadrinistas, inclusive no Brasil. Personagens dele como Fritz the Cat ou Mr. Natural são ícones do movimento hippie e da contracultura americana. Nos anos 1980 li coleções inteiras de suas histórias, principalmente as mais escatológicas e pornográficas - suas mulheres bundudas e seus homens com barba por fazer eram impagáveis - mas nunca consegui comprar sistematicamente os volumes, fazer o quê? Em 2007 ele publicou uma versão ilustrada do livro do gênesis. A edição da Conrad é mesmo muito bem cuidada, capa-dura, papel um tanto mais encorpado, costuras caprichadas. Diz a lenda que ele investiu quatro anos no esforço em produzir esta versão. Na introdução do livro ele argumenta que seguiu fielmente o texto original, ou melhor, as várias versões do texto original que pode alcançar, produzindo interpretações originais e se arriscando em seus argumentos. Ele defende que a bíblia é sim um livro produzido por homens, comuns e mortais homo sapiens sapiens, e deve ser valorada exatamente por isto. O resultado me parece bom, em que pese o fato de, mesmo com os reparos que ele faz, as histórias bíblicas sempre me soarem inverossímeis, iconoclasta como sou. [início 20/05/2010 - fim 20/07/2010]
"Gênesis", Robert Crumb, tradução de Rogério de Campos, editora Conrad, 1a. edição (2009), capa-dura 22x28 cm, 224 págs. ISBN: 978-85-7616-339-8
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