Nesta preciosa edição da Cosac Naify encontramos um pequeno texto que nos ensina a observar, nos lembra do valor em exercitar nossa capacidade de entender o que nos cerca. Um sujeito vai visitar um primo seu, inválido e alquebrado, mas nem um pouco taciturno. Este primo mora em um apartamento que dá vista a uma grande praça de mercado na Berlin romântica do início do século XIX. O sujeito é recebido pelo primo e, antes de uma frugal refeição, narra suas conversas com ele, conversas que se concentram na descrição dos tipos humanos que circulam pela praça: vendedores, criadas, comerciantes, jovens funcionários, soldados, cozinheiras, especuladores, esnobes, mendigos. O tal primo, como bom anfitrião que é, ensina sua arte, partilha sua experiência. (com o narrador e conosco, os leitores). Quem neste mundo dinâmico e de aparências cultiva e preza ainda ensinamentos deste tipo? Quem se permite refletir originalmente sobre o que vê? Quem arisca uma interpretação da realidade que não seja repetição tola de idéias alheias? O pequeno livro inclui ilustrações muito boas de Daniel Bueno e conta com um posfácio levemente acadêmico de Marcus Mazzari. O único defeito do livro é ser breve. Leitura boa para um final de semana de inverno, leitura plena e intoxicante como só a vida sabe ser. [início 12/07/2010 - fim 17/07/2010]
"A janela de esquina de meu primo", E.T.A. Hoffmann, tradução de Maria Aparecida Barbosa, editora CosacNaify, 1a. edição (2010), capa-dura 16x23 cm, 80 págs. ISBN: 978-85-7503-890-1
2 comentários:
Olá Aguinaldo, já leu o Homem de Areia, conto famoso de Hoffmann? Abração.
Não. Vou procurar. Estou na lida. Cousas mil atrasadas. Abração
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