domingo, 4 de março de 2012

recuerdos de una mujer de la generación del 98

Ganhei este livro de Cristina Polo. Ela o trouxe das terras altas de Pamplona, das prateleiras da librería "El parnasillo", que visitamos com Helga e Natália anos atrás. A memória inteligente pouco ajuda um sujeito nestas coisas, mas desde que comecei  a folhear o livro, antes mesmo de lê-lo, senti vividamente cousas daqueles dias adoráveis em Navarra. Carmen Baroja y Nessi foi irmã do respeitado escritor espanhol Pío Baroja, nasceu em Navarra, em 1883 e morreu em Madrid, em 1950. Foi uma mulher muito dinâmica e industriosa, mas nem a qualidade de seus livros sobre antropologia, nem sua habilidade como artista plástica (gravadora), nem sua capacidade gerencial, demonstradas tanto na organização de um clube de leitura feminino, muito atuante nos anos que antecederam a guerra civil espanhola, quanto na administração dos negócios de sua família, durante um longo período de tempo, trouxeram-lhe reconhecimento em vida (se o preconceito sexista e ideológico ainda são moeda corrente nos dias de hoje, pode-se imaginar como eram as coisas há setenta ou oitenta anos, principalmente na machista Espanha). As memórias de Carmen Baroja foram escritas provavelmente no início dos anos 1940, mas percorrem os aspectos mais fundamentais de sua vida, desde os anos de conforto material e intelectual, na Madrid do início do século XX até os anos terríveis da guerra civil (que ela passou sozinha, com os filhos, em Vera de Bidasoa, uma pequena cidade dos Pireneus espanhóis, que fica a pouco mais de um quilômetro da fronteira com a França). Aliás há uma passagem neste livro de memórias onde Carmen conta sua versão de como seu irmão famoso, Pío Baroja, cruzou a fronteira com a França para fugir dos falangistas de Franco (e eventualmente da morte, claro). É uma versão diferente daquela mais divertida e espirituosa que li recentemente em um livro de Enrique Vila-Matas ("El viajero más lento"). Bem que a Cristina havia me dito que eu me surpreenderia com a ironia e a coragem desta mulher. O livro inclui muitas fotografias. A compilação destas memórias e sua publicação foi feita pela filóloga e tradutora Amparo Hurtado, que assina um prólogo biográfico muito completo e um detalhado índice onomástico, que formam um panorama vívido da política e da literatura da Espanha na primeira metade do século XX. Aprendi um bocado com este livro e fiquei feliz em conhecer algo desta poderosa mulher (apesar da quase invisíbilidade que experimentou em seu tempo). [início 06/01/2012 - fim 03/03/2012]
"Recuerdos de una mujer de la generación del 98: memórias", Carmen Baroja y Nessi, prólogo, edición y notas de Amparo Hurtado, Barcelona: Tusquets editores (colección andanzas), 1a. edição (1998), brochura 14x21 cm, 181 págs. ISBN: 84-8310-076-2

Um comentário:

vera maria disse...

Interessante seu comentário, deu vontade de conhecer a moça, há muitas como ela perdidas nos vãos da história.
um abraço,
clara