quinta-feira, 25 de outubro de 2012

el mismo mar

"El mismo mar" é uma maravilha. Não se trata de um romance, nem de um poema, mas ora se apresenta como narrativa, ora como algo musical, lírico. Talvez romance em versos seja uma definição adequada. É mesmo um livro muito especial. Amos Oz conta uma história que começa em uma praia do mar mediterrâneo, o balneário de Bat Yam, perto de Tel Aviv, mas também percorre as terras altas do Himalaia e muitos vales e praias do extremo oriente. Em Bat Yam o leitor encontra Albert, um velho senhor que ainda lamenta a morte de sua mulher, Nadia. O filho único deles, Rico, viaja ao oriente, numa jornada de autoconhecimento. Dita, a mulher de Rico, espera o marido, mas vela pelo sogro, escreve um roteiro para um filme, se envolve com um produtor cinematográfico, Dubi, e um investidor, Giggy. Albert por sua vez se envolve com uma colega de profissão também viúva, Bettine. Em capítulos que são como flashes, como cenas de um filme, cada personagem narra ou experimenta uma parte do mosaico que Amos Oz vai montando aos poucos. A metaliteratura não é um artifício bobo para Oz, não é um exercício pós-moderno de estilística. O narrador interage com os personagens, ouve suas críticas sobre o desenrolar da trama, discute resumos do livro com o leitor; o escritor Amos Oz também invader a narrativa com seus fantasmas pessoais (trazendo a história de seus pais, o suicídio de sua mãe, algo de suas relações com as mulheres, da repercussão de suas idéias nos jornais). Há passagens muito boas no livro ("... al joven que se fue a buscar en las montañas el mar que está enfrente de sua casa" é a que mais gostei, mas há coisas realmente poderosas nele). Fiquei muito tempo ser ler coisas de Oz (lembro-me de ter lido quase simultaneamente vários livros dele: Fima, Conhecer uma mulher, A caixa preta, Pantera no porão, mas de repente perdi o interesse). Talvez seja a hora de voltar a eles. Logo veremos.
 [início: 07/10/2012 - fim: 15/10/2012] 
"El mismo mar", Amos Oz, tradução de Raquel García Lozano, Barcelona: ediciones Siruela (Coleccíon Contemporânea - De Bolsillo), 1a. edição (2006), brochura 12,5x19 cm, 280 págs. ISBN: 978-84-8346-000-9 [edição original: 'Oto ha-yam (אותו הים) (Jerusalém: Keter) 1999]

2 comentários:

vera maria disse...

Vou procurar, merci,
abraço, clara

vera maria disse...

Obrigada pela resposta la no linha, já encomendei, um abraço,
clara