"Dicionário de nomes próprios", de Amélie Nothomb, é um curto romance que se lê com gosto, quase de uma sentada só (como o anterior que resenhei aqui, "A seguinte história:"). É uma história direta, sem nuances, mas que te fisga desde os primeiros parágrafos. Desta vez eu não vou contar muito sobre a trama. A idéia original é descrever a origem, o nascimento, o crescimento e a maturidade de uma pessoa (mas que é também uma personagem de Nothomb, e que acaba sabendo disto e tomando conta do romance.) Há algo de conto de fadas neste livro, pois somos apresentados às cruéis possibilidades de uma infância, de uma educação, de uma família, de uma vida afinal de contas. Não há possibilidades de hipocrisia no texto de Nothomb, tudo é dito de forma explícita, sem anestesia, sem preparação. A personagem principal em algum momento encontra a autora e, ula-lá, da cabo dela e encerra a história. Isto é algo que muitos personagens devem ter pensado em fazer mas nunca o fizeram (ao menos eu não conheço personagens deste naipe.) Neste, que é o meu ano das leituras de obras de mulheres, (uma falha antiga, que Cristina Polo me ajudou a detetar), Amèlie Nothomb, Rosa Montero e Inês Pedrosa há mostraram o quanto há de coisas boas para se ler desta seara. Belíssimo livro, por enquanto posso generalizar afirmando que nas oportunidades em que Rosa Montero é reflexiva e intelectual, senhora das técnicas de criação, Amélie Nothomb é enxuta e precisa, sempre mirando a jugular do leitor. Não há o que comparar, mas apreciar a ambas fazem a alma um grande bem.
"Dicionário de nomes próprios", Amélie Nothomb, tradução de Bluma Waddington Vilar, editora Nova Fronteira, 1a. edição (2003) brochura 13.5x19.5cm, 156 pág. ISBN: 978-85-20-91541-7
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