Neste pequeno livro encontramos um único conto de Joseph Conrad. Publicado em 1917 trata-se de uma história de mistério, que lembra um tanto Edgar Alan Poe. Em um final de tarde de um lugar impreciso um homem é solicitado por uma mulher a contar uma história, pois ela está aborrecida. Daí um segundo conto nasce dentro do primeiro. O narrador lembra de uma situação que aconteceu logo no início da primeira grande guerra. Ele comandava um navio mercante no Atlântico norte quando em meio a uma forte neblina encontram quase por acaso um barco norueguês ancorado, perto da costa da Irlanda, aparentemente com problemas mecânicos. Ele (e também sua tripulação) desconfiam que o navio norueguês está envolvido em algum tipo de serviço auxiliar à submarinos alemães, pois encontraram nas proximidades material disperso que poderia ter esta finalidade. Apesar de não poder afirmar com certeza se de fato o navio trabalha em colaboração com os alemães o sujeito, após muito inspecionar o navio e conversar com sua tripulação, toma a decisão de dar uma indicação errada para o navio norueguês sair da neblina, o que tem conseqüências funestas para todos. Na conversa com a mulher (que permanece quieta quase todo o tempo da história, progressivamente chocada com a frieza do sujeito) ele reflete e repete para si sua versão, de que esta é uma situação onde a verdade nunca será mesmo revelada. Há que se continuar a viver com sua decisão. É um bom conto, publicado em uma edição pequenina que comprei na carrer Ferrán em um dia especial de verão. O livro é sombrio e Conrad apresenta nele sua visão pessimista da natureza humana. Curioso como ele obtêm este efeito em poucas páginas, sem entediar o leitor. [início 14/09/2009 - fim 17/09/2009]
"El cuento", Joseph Conrad, tradução de Juan Gabriel López Guix, Ediciones Alpha Decay (1a. edição) 2009, brochura 10,5x15, 64 págs., ISBN: 978-84-936540-9-2
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