Em "A morte do gourmet" acompanhamos dois planos de histórias que se entrelaçam. Um dos planos se concentra nos breves minutos que antecedem a morte de um sujeito. Ele é um importante crítico de gastronomia e mora em um sofisticado prédio de Paris. Sua mulher, seus filhos, seus vizinhos, seu médico e vários outros personagens (incluindo um gato e uma estátua) têm sua voz e contam um tanto de suas experiências com o sujeito que está à morte. Não são exatamente memórias edificantes. O sujeito era arrogante, egoísta e auto-centrado. No outro plano, em capítulos intercalados aos demais, é a memória do sujeito que se manifesta, recolhendo passagens de sua educação gastronômica, suas influências, seus medos e fraquezas, detalhes de sua ascensão no competitivo mundo da culinária. Em seus últimos momentos ele tenta lembrar de um sabor específico que marcou a sua infância. É um pequeno livro que se lê quase de um fôlego só. Não é o melhor livro do ano, mas ele se defende sozinho. Muriel Barbery publicou-o originalmente em 2000 e boa parte destes personagens irão aparecer em seu outro romance, "A elegância do ouriço", que fez muito sucesso (e que vou resenhar em breve). A quarta capa e as orelhas do livro dão o nome do sujeito que está à morte, mas este nome não aparece em parte alguma do livro. Claro, o editor brasileiro ajuda o leitor com esta informação roubada do outro livro (publicado em 2006, mas traduzido antes no Brasil). Não gosto muito disso mas não há o que fazer. [início 08/03/2010 - fim 09/03/2010]
"A morte do gourmet", Muriel Barbery, tradução de Rosa Freire d´Aguiar, editora Companhia das Letras, 1a. edição (2009), brochura 14x21 cm, 125 págs. ISBN: 978-85-359-1461-0
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