Em 1975, com pouco mais de vinte e sete anos, Ian McEwan publicou este livro de contos e foi imediatamente reconhecido como um dos melhores escritores ingleses de sua geração, ganhando vários prêmios literários nos anos seguintes. São oito contos poderosos, que lembram a força de um outro grande livro de estréia (Goodbye, Columbus), de um outro grande escritor (Philip Roth). Os temas são variados: ora é a solidão que domina o enredo dos contos; ora a juventude e sua potência, para o bem e para o mal; em alguns há um clima de mistério e magia, noutros humor e ironia, explícitos. A força do sexo e do amor percorre a maioria das histórias. A ambientação delas se concentra nos bairros de classe média baixa, na periferia inglesa pobre dos anos 1970, ou ainda no campo inglês, onde é possível passar alguma tempo das férias de verão sem se gastar muito. É difícil eleger um conto em particular como melhor que os demais. Em "Mariposas" um jovem conta sua versão de como encontrou uma garota afogada. Em "Fabricación casera", o primeiro, um outro jovem conta sobre sua iniciação sexual. "Disfraces", o último, é terrível em sua descrição de como indivíduos de duas gerações podem ser tão antagônicos. Nos contos a inocência é sempre aparente e não pode escusar, não pode eximir, não pode justificar. Apesar da violência (contida ou não) das histórias, todas alcançam uma leveza incomum, são divertidas, levam o leitor a um mundo muito particular. Ian McEwan soube mesmo como arrebatar seu público desde o primeiro livro. [início 22/02/2010 - fim 06/03/2010]
"Primer amor, últimos ritos", Ian McEwan, tradução de Antonio Escohotado, editorial Anagrama, 1a. edição (2008), brochura 14x21 cm, 144 págs. ISBN: 978-84-339-7323-8
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