"Ao deus-dará" conta uma curta história que se passa na sereníssima Veneza. Um casal em férias flana pela cidade divertindo-se mas também um tanto entediados. Eles não são casados oficialmente apesar de manterem uma relação há seis ou sete anos. Ela tem filhos do primeiro casamento e suas férias parecem servir como uma espécie de fuga da rotina e uma chance de reflexão sobre eles mesmos. Uma noite eles se perdem no labirinto de ruelas e canais da cidade. Um sujeito os ajuda a encontrarem o caminho até um bar. Passam a noite ouvindo histórias curiosas sobre a família do sujeito, suas ligações com o passado glorioso da cidade. Este veneziano bastante sedutor acaba convidando-os para no dia seguinte conhecerem sua mulher e seu palacete. Eles passam ali dias divertidos, mas onde sua intimidade é desnudada . Sem que um ou outro saibam ambos sofrem pequenas violências físicas e psicológicas (coisas que parecem brincadeiras entre amigos de longa data, mas que não escondem algo de perverso). O contraste entre os dois casais é grande, mas o casal em férias parece se excitar com o clima de mistério e sofisticação que encontram. É como se flertar com o desconhecido fosse o ingrediente que faltava à suas vidas. Dias depois e aos poucos o casal se dá conta de que tanto o sujeito quanto sua mulher acompanharam seus passos pela cidade desde o primeiro dia em que lá chegaram. Há algo de perigoso naquilo tudo, ambos concordam, mas como acontece nas relações entre presa e predador, o controle mental da situação é sempre do predador. Eles ficam uma semana passeando sozinhos pelas praias e canais da cidade, mas o sujeito os convida para um jantar de fim de férias. Incapazes de reagir ao assédio do sujeito o casal se enreda uma vez mais. A história tem um final previsível, mas isto não é exatamente um demérito ao livro ou ao autor. McEwan publicou este livro em 1981. Ele sabe mesmo contar uma história, mas os livros mais recentes dele (Sábado, Na praia, Reparação) me parecem melhores. De qualquer forma ainda preciso ler mais coisas deste sujeito. [início 22/03/2010 - fim 31/03/2010]
"Ao deus-dará", Ian McEwan, tradução de Waldéa Barcellos, editora Rocco, 1a. edição (1997), brochura 14x21 cm, 128 págs. ISBN: 85-325-0710-7
Um comentário:
Olá Aguinaldo! Hoje é quarta-feira, uma correria. Não repare em minha visita relâmpago, mas venho lhe convidar para ler o novo capítulo de “O Diário de Bronson (O Chamado)” e deixar o seu comentário.
Retornarei com melhores modos e mais tempo. Tenha uma ótima semana. Abraço do Jefhcardoso!
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