Neste pequeno livro são reunidos cinco textos escritos originalmente entre 1872 e 1902. Henry James não parece querer educar, ilustrar, mas sim nos guiar por um mar de evocações, evocações de um tempo perdido, um tempo que Henry James de alguma forma congela com sua prosa poderosa e seminal. Mesmo agora, um século mais de horas venezianas se acumulando na memória de milhares, milhões, de indivívuos que se dirigiram à Veneza algum dia, eis que reencontramos, através dele, algo do encanto experimentado na cidade. Na Veneza, fatigada e melancólica, que suporta a sofregidão das hordas. Na Veneza, labiríntica e luminosa, que é um grande museu, mas também uma grande tumba, de si mesma. Na Veneza, com suas pedras e suas turvas águas, justapostas. Todas as facetas da cidade são relembradas por ele, que também fala do povo (com um desdém absurdo para nossos dias politicamente corretos - prova da estupidez deste conceito), das obras de arte, da história, dos amigos que o recebem ali. Reiteradas vezes nos textos James cita irritado John Ruskin, que tão meticulosamente estudou e contou a cidade antes dele. James parece querer ressaltar o valor da imaginação, dos sentimentos, da paixão, em detrimento da ciência e da técnica, do conhecimento arquitetônico e histórico amelhado por Ruskin. Lembrei, claro, de Proust, e também de Evelyn Waugh, que também contaram algo sobre suas experiências em Veneza. Também tive lá minha cota de prazeres, minhas horas de imersão, minha educação sentimental, também eu "was drowning in honey, stingless”, mas esta é outra história, para ser contada com outro livro, em breve. [início 25/07/2010 - fim 30/08/2010]
"Horas Venecianas", Henry James, tradução de Miguel Ángel Martínez-Cabeza, ABADA editores, 1a. edição (2008), brochura 12x16,5 cm, 179 págs. ISBN: 978-84-96775-31-2
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