quarta-feira, 13 de outubro de 2010

o escravo

Encontrei este livro em um sebo. Fazia tempo que não lia um romance de Isaac Singer, sempre insuperável em seus contos, e este "O escravo", sobre o qual nunca havia ouvido falar, pareceu ter vindo mesmo a calhar. A história é interessante. Singer descreve como Jacob, judeu culto e estudioso, sobrevive a um massacre perpretado por cossacos russos (em meados do século XVII) e se torna escravo de camponeses em uma região remota e montanhosa da Polônia. Ainda assombrado pela morte de sua mulher, seus filhos pequenos e demais conhecidos, ele se esforça por manter suas tradições e ritos. Apesar do isolamento e da falta de meios ele alcança alguma comunhão com sua fé e, ao mesmo tempo, desenvolve alguma sabedoria prática no duro trabalho do campo. Ele acaba se envolvendo com a filha de seu senhor, uma jovem viúva cristã chamada Wanda, mas aquilo que ele acredita ser a conversão dela ao judaísmo é mantido em segredo dos demais. Há um bocado de reviravoltas no livro, Jacob e Wanda passam por muitas vicissitudes, que acompanham as dúvidas dos dois sobre seu amor e suas relações nas comunidades judaicas pelas quais tentam ser aceitos. Este é assim um romance que apresenta a religião judaica, onde um leitor aprende um tanto sobre como funcionam parte dos ritos e dos procedimentos que um sujeito desta fé deve obedecer. O único reparo que faço a este livro é a tradução, sofrível, do começo ao fim. É difìcil acreditar que a prosa sempre rica e elegante de Singer sobreviva ao massacre linguístico que padece nas mãos da tradutora. Há umas coisas que parecem do português arcaico, umas passagens tortas que confundem o leitor. Paciência. Apesar da medonha tradução trata-se de um legítimo Singer, que sempre nos deixa algo de bom. Nota bene: Graças a tradutora Denise Bottmann fiquei sabendo que muito provavelmente esta tradução foi copiada literalmente - e com alguns acréscimos espúrios - de uma tradução portuguesa, feita no início dos anos 1970, por um sujeito chamado João Cabral do Nascimento. Isto explica muita coisa (o útil site da tradutora Denise Bottmann pode ser encontrado em http://naogostodeplagio.blogspot.com/ ). Que cousa! [início 27/09/2010 - fim 13/10/2010]
"O escravo", Isaac Bashevis Singer, tradução de Juliana Borges, editora Germinal, 1a. edição (2001), brochura 14x21 cm, 267 págs. ISBN: 85-86439-12-6

Um comentário:

denise bottmann disse...

boa noite
na verdade, a triste tradução é do português cabral do nascimento, despudoradamente apropriada pela editora germinal, atribuindo-a a juliana borges, filha do proprietário da editora:

http://naogostodeplagio.blogspot.com/2009/08/caro-leitor.html

http://naogostodeplagio.blogspot.com/2009/09/o-massacre-do-germe-eletrico.html

sobre outras barbaridades da germinal, você pode ver aqui:
http://naogostodeplagio.blogspot.com/search/label/germinal

um abraço
denise