Em "Dublin ao Sul" estão reunidos 12 contos de Isidoro Blaisten, escritor argentino, morto em 2004. Comprei o livro por conta da menção a Dublin, pois imaginei que deveria haver algo relacionado ao velho e cansado James Joyce. Os contos me pareceram irregulares, mas é difícil julgá-los, pois o próprio tradutor reconhece alguma dificuldade em fixar em outra língua a prosa frenética e pontuada por coloquialismos utilizada por Blaisten. Ele foi membro correspondente da Real Academia Española e um escritor respeitado em seu país. Não tenho notícia de algum outro livro dele publicado aqui no Brasil. Dos contos, os que mais gostei foram "A pontualidade é a cortesia dos reis", uma história tensa, sobre um suicídio com hora marcada; "os tarmas", uma divertida história onde se conta a filosofia e a ética de um casal especialista em entrar em festas sem serem convidados; "o tio facundo", a história de um sujeito que chega de repente e transforma o cotidiano de toda uma família; "quebradeira em áries", o engraçado monólogo interior de um bêbado que acredita em horóscopos e "a porta em duas", uma tensa história onde um sujeito resolve construir uma estante para uma coleção de gibis. O conto que dá nome ao livro, "Dublin ao sul", fala sim de Joyce e do Ulysses. A idéia inicial é boa: um sujeito especialista no Ulysses participa e ganha um concurso televisivo, mudando-se para Dublin, onde passa seus dias em um castelo, seduzindo garotas irlandesas, se embebedando e relendo o livro. Divertido, mas o nonsense cansa o leitor. Os contos são sempre bem humorados e de fato bem escritos, mas há histórias onde a fantasia é demasiado franca para o meu gosto. De qualquer forma é sempre bom conhecer um novo autor e algo de sua obra. Vamos em frente. [início 21/12/2010 - fim 11/01/2011]
"Dublin ao sul", Isidoro Blaisten, tradução de Mauro Gama, São Paulo: A Girafa editora, 1a. edição (2007), brochura 14x21 cm, 206 págs. ISBN: 978-85-7719-020-1 [edição original: Dublín al sur, El Cid editor (Buenos Aires), 1981]
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