Conheci o Cassionei Petry primeiro virtualmente, por conta de cousas que ele escrevia em seu blog, e só depois pessoalmente, na ocasião do lançamento deste seu livro, Arranhões e outras feridas, na feira do livro de Santa Cruz do Sul, ainda no final de agosto. Mas não li o livro naquela época, outros foram se empilhando por cima dele (talvez acrescentando a ele outras feridas). São vinte histórias curtas, que lemos quase sempre num fôlego só. Há contos onde se narra em primeira pessoa e outros em terceira pessoa. Acho que Cassionei se dá melhor nestes últimos, onde tudo é mais direto e verossímil. São histórias curiosas. Em geral elas registram situações de desconforto; relações prestes a se transformar; revelações que chocam, mudando radicalmente o entendimento das coisas; melancolias entranhadas; esperanças tênues; o cansaço daqueles que já se aborreceram demais com a vida e apenas, algo estóicos, deixam o tempo passar. Não é exatamente um livro sombrio, mas as histórias são algo amargas, algo avinagradas. Percebe-se que o autor é um bom leitor. Cada uma das histórias incluí uma epígrafe, que provocam um efeito interessante na recepção dos contos. E nos textos frequentemente encontramos menções a escritores e livros, sobre o exercício da literatura. O primeiro livro de alguém sempre é um mistério. Para alguns será o ponto alto da carreira, para outros algo a ser futuramente escondido, reescrito ou renegado, para outros, ainda, o exercício corajoso, ainda que amador, que viabilizou ambições literárias mais robustas. É impossível sabermos agora o destino deste "Arranhões e outras feridas", mas acredito que Cassionei sempre terá carinho por ele, pelo que há nestes contos curtos muito de sincero e vívido. Vamos a ver.
[início 14/10/2012 - fim: 15/10/2012]
"Arranhões e outras feridas", Cassionei Niches Petry,
Rio de Janeiro: editora Multifoco, 1a.
edição (2012), brochura 14x21 cm, 73 págs.
ISBN: 978-85-7961-991-5
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