quinta-feira, 27 de junho de 2013

ehrengard

Publicado postumamente, em 1962, "Ehrengard" é o último conto que Isak Dinesen chegou a completar. Dinesen (ou Karen Blixen) foi uma escritora dinamarquesa cuja obra sempre foi muito respeitada, mas que tornou-se popular após adaptações cinematográficas de algumas de suas histórias (A festa de Babette e Out of Africa fizeram muito sucesso nos anos 1980, "Ehrengard" também foi adaptado para o cinema, numa produção italiana que não cheguei a assistir). O industrioso Javier Marías assina a tradução. Ele é um dos entusiastas contemporâneos da qualidade literária dos textos de Dinesen. Trata-se de uma história algo rocambolesca, uma história de amor e honra. De fato é muito bem escrita. O que mais impressiona é o quão rapidamente a autora consegue descrever a personalidade dos personagens que cria. Em poucos parágrafos o leitor parece já conhecer exatamente pessoas daquele tipo ou índole e sabe como elas irão se comportar. Há também uma certa ironia na história, como se a escritora nos lembrasse que o mundo da ficção é regido por leis bem distintas daquelas que experimentamos na realidade. Os elementos motivadores da história não poderiam parecer mais tolos, infantis e fantasiosos, todavia Dinesen consegue extrair deles uma força e universalidade impressionantes. Ehrengard, a heroína da história, é escolhida como dama de companhia de uma princesa, Ludmilla, que estando grávida de Lothar, herdeiro de um idílico Grão-Ducado, precisa de cuidados especiais e deve ser transferida para uma fortaleza afastada da corte. Além de Ehrengard apenas um grupo pequeno acompanha Ludmilla nos meses que antecedem o parto: sua sogra, a Grão-Duquesa; uma ama de leite e Cazotte, um famoso pintor (e também conhecido sedutor), único amigo e confidente do príncipe Lothar. Cozotte pretende seduzir Ehrengard, que está comprometida com Kurt, um militar aparentado de sua família. Mas o nascimento do filho de Ludmilla e Lothar provoca uma série de desdobramentos e o conto converge rapidamente para seu desfecho. Historieta muito interessante (e que sugere uma série de associações, inclusive uma eventual metamorfose de Cazotte em Casanova, protagonista do "La amante de Bolzano", que li recentemente. Os livros sabem sim conectar-se uns aos outros. Vale.
[início: 15/06/2013 - fim: 19/06/2013]
"Ehrengard", Isak Dinesen (Karen von Blixen-Finecke), tradução de Javier Marías, Barcelona: editorial Anagrama, 1a. edição (1992), brochura 13x20 cm., 126 págs., ISBN: 84- 339-3192-X [edição original: Ehrengard (New York: Random House / Pennsylvania: Curtis Publishing Co) 1962]

Um comentário:

Sara disse...

Bonito de se encontrar sobre todos os tipos de escritores, seria bom ser capaz de fazê-lo o tempo todo na internet, mas também é bom para planejar viagens on-line, espero encontrar um bom Aluguel em buenos aires