O Byrata das histórias gaudérias e de dinossauros eu já conheço muito bem. Não conhecia seus livros diretamente dedicados ao público infanto-juvenil, como esta historieta sobre uma gata chamada Mimi que sumiu. E essa gata existiu mesmo. Era a mascote da família Byrata, ali na Vale Machado, perto do Colégio Manoel Ribas, de Santa Maria. Num dia de verão desapareceu, virou um sopro, uma memória e também uma dor. Elaborar perdas, vivenciar o luto, assimilar a morte, sempre é algo que fazemos cada um a seu modo e a seu tempo. Byrata optou por registrar as buscas que ele e seus outros mascotes fizeram para encontrar Mimi. Acompanhamos os esforços de um cachorro chamado Toco e de um gato chamado Morcego em lembrar seu dono do sumiço da gata e até esperamos um final feliz, mas como sua gata é agora também um personagem que segue as leis da ficção literária, ficará para sempre na condição do final do livro: perdida sim, provavelmente morta, mas talvez até viva, porquê não?, em outra casa, com outra família, vivendo outras e novas aventuras. Lembra aquele gato famoso da física, o gato de Schrödinger, sempre paradoxalmente vivo-morto dentro de uma caixa (enquanto a deixamos fechada, sem abrir), nunca apenas vivo ou apenas morto. Claro, vale lembrar que as leis da mecânica quântica não funcionam no mundo macroscópico, o nosso, dos homens e dos gatos, mas o símile de Schrödinger tem essa singular função didática. Grande Byrata. Sua Mimi sempre viverá na memória, na sua, na dos teus e de nós, os leitores deste lírico livrinho. Abraços.
[início-fim: 10/11/2016]
"Onde está Mimi?: A história de uma gatinha que sumiu", Byrata (Jorge Ubiratã da Silva Lopes), Santa Maria/RS: editora Rio das Letras,
1a. edição (2016), brochura 20x20 cm, 24 págs., ISBN: 978-85-65172-24-0
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