segunda-feira, 23 de setembro de 2019

nihan

Para aprender algo sobre os procedimentos corretos de cultivo de rosas comprei este manual (ou cartilha, como se dizia nos meus tempos de criança). Roberto Jun Takane, Paulo Tadeu Vital de Siqueira e Edivaldo Casarini, três engenheiros agrônomos, informam o que é mais importante na questão, desde as características botânicas e necessidades climáticas das roseiras, até os métodos de plantio, cuidados, variedades, formação, brota, adubação, tratos fitossanitários, colheita e comercialização. Eu mesmo só queria aprender como podar com cuidado, evitar as pragas e as plantas daninhas. O livro é bom, posso dizer que aprendi um bocado. O manual/cartilha é fartamente ilustrado, as informações curtas e objetivas, sem circunlóquios bestas. Para o leitor curioso em aprender mais os autores oferecem uma longa bibliografia. Enfim, recomendo sem medo esse manual. Vale! Todavia, a bem da verdade, não quero apenas falar deste livro. Acontece que hoje é 23 de setembro e exatamente às 04h50min começou a primavera. Hoje é também o dia que escolhi para louvar a memória de uma de nossas gatas: Nikita, la densa, branca como a neve, com laçarote fúcsia no pescoço, perfumada, presente da Lenise; Nikita, nascida lá no Camobi, que depois virou La Femme Nikita, Gorda e senhora do #403, cuidando sempre bem de seus domínios e de seus irmãos. Em algum momento, nos tempos em que Helga e Natália estavam longe passei a chamá-la de Nihan, para espanto da dona Leda, que mal entendia meus chamamentos. Depois da volta das meninas Nihan lutou sem muita compostura com o pobre Sr. BB, aceitou a mudança para o #902 com estoicismo e continuou senhora de seus dias, mesmo quando, já doente, recebemos a Pato, hoje Sissilina, que todos os demais gatos aceitaram pacificamente, menos ela.  Após o desfecho de seu câncer particular, daquela azarada chuva de bolitas (que é como os gaúchos chamam as bolas de gude), Nihan metamorfoseou-se em Flora, em Rosas, como num dos mitos recolhidos por Ovídio, passando a morar lá nas terras altas de Itaara. Desde sua morte, já em sua versão vegetal, Nihan continua oferecendo algo especial a nossos dias. As rosas que plantamos sobre sua cova estão sempre a florescer, a se multiplicar, os caules robustos, as folhas sempre começando num violácea quando brotam para alcançar um verde escuro, forte. Não há fim de semana em que não me lembre de suas manias, de seu comportamento, da forma como dominava o ambiente do apartamento, sem brigas, sem arranhões desnecessários (com a exceção de seus estranhamentos com a Sissi, claro). Lembro de como a associava com Hlenka, aquela personagem apenas citada no final de um filme de Woody Allen; com Cassandra, a profetisa troiana, filha de Príamo; com Shirley Bassey e os eternos diamantes de um filme com James Bond. Agora, basta olhar para o roseiral para evocar imediatamente William Carlos Williams, que já nos ensinou em seu "The Ivy Crown": "(...) Keep the briars out, they say. You cannot live and keep free of briars.(...)". Bueno. Cabe registrar por fim que quem fez as primeiras podas radicais e necessárias na Nihan foi a Marta, vizinha experiente e prática, mas esta é outra história. Grande Nihan. Vale! 
Registro #1450 (livro técnico, manual, cartilha #01) 
[início: 11/04/2019 - fim: 16/06/2019]
"Cultivo de rosas", Roberto Jun Takane, Paulo Tadeu Vital de Siqueira, Edivaldo Casarini,  Brasília (DF): Editora LK editora / Coleção Tecnologia fácil #80 ISSN 1809-6735,  1a. edição (2007), brochura 14x21 cm., 172 págs., ISBN: 978-85-7776-017-6

2 comentários:

Paulo Rafael disse...

Bunito! Mas a palavra nihan tem um significado? Encontrei algo em turco...

Aguinaldo Medici Severino disse...

tchê Paulo, como vais? acompanhei a tua dica e vi que existe mesmo um nome de batismo "Nihan" em turco. Eu mesmo não sei porque comecei a gritar "Nihan" para ela. Foi uma gata especial. Viveu quatorze anos, poderia ser mais, mas foi o suficiente para que eu me lembre sempre dela. abração