Mell Renault, mineira de Belo Horizonte, oferece neste seu "Patuá" três conjuntos de propostas poéticas. No primeiro conjunto encontramos 37 poemas curtos, livres como a vida, que tratam das cousas da terra, dos elementos e dos fenômenos naturais, dos animas e das plantas, das estações e passagem do tempo. São construções que ambicionam congelar momentos, situações corriqueiras e mágicas da vida. No segundo conjunto a forma é distinta. Mell Renault faz uso de registros aforísticos (36 é o número exato), registros de estados de ânimo, reflexões curtas que mesclam o sonho e a memória, de um eu interior da poeta que se deixa observar, que parece filtrar-se nas palavras, que se declara, se posiciona. No terceiro conjunto, novamente com versos livres convencionais (38 deles), é onde o eu da poeta e as coisas interagem (é uma seção menos cerebral e distante que aquela primeira, onde apenas a abstração dos conceitos parecia ter força). Há algo mais visceral e orgânico nesta última seção, fala-se das formas da água, das aves, flores e árvores, de um ser pensante que se relaciona de fato com a natureza, não apenas a observa ou descreve. A edição da Coralina é muito bonita, inclui várias ilustrações abstratas em preto e branco, assinadas por Carlos Figueiredo. É isso. Vamos em frente. Vale!
Registro #1779 (poesias #122) [início: 01/12/2019 - fim: 09/12/2019]
"Patuá", Mell Renault, Cachoeira do Sul: Editora Coralina, 1a. edição (2019), brochura 14x21 cm., 132 págs., ISBN: 978-85-80360-07-9
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