O químico e escritor italiano Primo Levi é muito conhecido por seus livros ambientados nos campos de concentração nazistas. Difícil não se impressionar com "A tabela periódica" ou com o "É isto um homem", onde ele escreveu que "só os piores sobreviveram aos campos de concentração". Neste "A chave estrela", primeiro livro que Primo Levi escreveu após seu afastamento das industrias químicas, os horrores do nazismo não aparecem. O livro mais parece uma coleção de contos monotemáticos que um romance propriamente dito. Somos apresentados a um alter ego de Levi, um narrador (químico como ele e que admite ter pretensões literárias) que é na verdade um bom ouvinte das histórias mirabolantes relembradas por um sujeito chamado Faussone, técnico montador de grandes guindastes e outros equipamentos industriais de grande porte. O narrador e o contador de causos Faussone são dois italianos que trabalham algumas vezes nos mesmos projetos e enquanto esperam que uma questão seja resolvida dedicam-se a conhecer o povo e a região onde estão (os campos de petróleo do sul da rússia dos anos 1970) e trocarem experiências sobre o mundo do trabalho no qual vivem. As histórias de Faussone sempre tem algo de fantasia, de farsa. O narrador tem orgulho de sua ciência e seu método de trabalho, mas também admira o conhecimento e a técnica de seu interlocutor, talvez mais orgânicos e humanos. Enfim, comprei o livro por impulso, ao vê-lo de longe, por conta de sua bela capa (uma composição de Fernand Léger), mas surpreendi-me mesmo com a boa prosa e as curiosas histórias inventadas por Primo Levi. [início 04/07/2009 - fim 15/07/2009]
"A chave estrela", Primo Levi, tradução de Maurício Santana Dias, editora Companhia das Letras (1a. edição) 2009, brochura 14x21, 200 págs., ISBN: 978-85-359-1400-9
Nenhum comentário:
Postar um comentário