Os contos de "Historias de política ficción" poderiam ser chamados sem perda de precisão de histórias de velhinhos. Carvalho, o gastrônomo detetive galego inventado por Vázquez Montalbán é chamado para descobrir os sucessos envolvendo três velhos senhores que estão as voltas com problemas decorrentes de suas atividades políticas. São três histórias, três contos curtos, onde estes velhos senhores, veteranos de embates, de refregas terríveis como a guerra civil espanhola ou a guerra mais subterrânea e fria da redemocratização espanhola se deparam com seus fantasmas. No primeiro conto um velho louco que acredita ter direito a casa real espanhola descobre tarde demais que é utilizado como massa de manobra por um bando de golpistas. Carvalho e o delegado Contreras exageram no sarcasmo ao discutirem sobre as diferenças entre democracia e ditadura. No segundo, em um monastério transformado em asilo nos arredores de Barcelona, Carvalho descobre em que circunstâncias um velho foi morto por seus companheiros de quarto. Trata-se de uma história envolvendo traições e sectarismos ocorridos quarenta anos antes, durante a guerra civil. No último, o golpe de estado real perpetrado pelo tenente coronel Tejero no vinte e três de fevereiro de 1981 serve como oportunidade para dois sobrinhos sequestrarem e torturarem um avô que havia sofrido muito nos tempos do regime franquista. São histórias que se resolvem com presteza, onde Carvalho usa mais sua perspicácia e conhecimento da alma humana que exatamente analisando os fatos propriamente ditos. A gastronomia e a análise política de seu tempo dominam o cenário dos três contos. Biscuter e Bromuro, Charo e Fuster, Contreras e a ideal Barcelona de Montalbán aparecem, coadjuvantes mas fundamentais, auxiliando Carvalho na solução das tramas. [início 08/08/2009 - fim 10/08/2009]
"Historias de política ficción", Manuel Vázquez Montalbán, editorial Planeta DeAgostini (1a. edição) 2000, capa-dura 13,5x20,5, 169 págs., ISBN: 84-395-8471-7
Nenhum comentário:
Postar um comentário