Em "Beringelo" Orlando Fonseca dá voz a um cachorro. O resultado é um pequeno livro voltado para o público infanto-juvenil. Beringelo conta um tanto de suas venturas, seus nomes, sua personalidade, suas lembranças (que são vagas, segundo ele mesmo). Conta principalmente como conquistou o amor de um jovem dono e sua família. O pequeno cachorro tem até de se virar como cão-policial, quando usa seus dotes para ajudar um delegado a resolver o sequestro do garoto que virá a ser seu dono. Orlando gosta de jogos verbais e trocadilhos, então faz seu personagem usá-los o tempo todo. Li recentemente "Eu sou um gato" do escritor japones Natsume Soseki, publicado em 1905. Nele o único personagem que fala é um gato vagabundo dos bairros de classe média da Tóquio de cem anos atrás. Claro que o romance de Soseki tem mais fôlego, ou melhor dizendo, que o gato de Soseki tem mais fôlego que o cachorro de Orlando Fonseca, mas isto não é um problema. "Beringelo" é um romance bem escrito e divertido de se ler. Eu teria dado um tratamento gráfico melhor, aumentaria o corpo das letras (pequenas demais para atrair um jovem leitor, acho eu), incluiria ilustrações mais generosas que as divertidas patinhas que percorrem as páginas do livro, mas talvez o projeto desta coleção da editora Movimento não permita muitas variações no design. Paciência. Parabéns ao Orlando por mais esta aventura literária. [início 23/10/2009 - fim 23/10/2009]
"Beringelo: uma au-autobiografia", Orlando Fonseca, editora Movimento (1a. edição) 2009, brochura 15,5x23, 21 págs., ISBN: 978-85-7195-145-7
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