Nunca havia lido nada de Sergio Pitol, mexicano de seus quase oitenta anos, ganhador do prêmio Cervantes de 2005. Encontrei este "Vida conjugal" em um balaio de um sebo paulista e o li com autêntico prazer. É um romance curto, onde somos apresentados às atribulações do relacionamento de um casal mexicano durante a segunda metade do século passado. Esse casal, Jaqueline Cascorro e Nicolás Lobato, experimentam ascensão e queda, períodos de riqueza, viagens e serenidade com outros mais sombrios e humilhantes, vivem a dor das traições e o lenitivo dos reencontros. A ironia e o humor preenchem este romance do começo ao fim. Aprendemos um tanto sobre a vida íntima do equivalente à classe média do México, mas não encontramos em "Vida conjugal" reflexões sobre o cenário político ou econômico mexicano, demonstrando que não é necessário em um romance explicitar engajamentos políticos, ideologias e outras escravidões mentais (como muito se vê na produção brasileira dos últimos tempos). É um romance ligeiro e movimentado, talvez um tanto esquemático demais, já que depois de duas reviravoltas ficamos adestrados completamente aos truques utilizados por Pitol no trato de seus personagens. De qualquer forma gostei muito deste sujeito e da trama criada por ele. Romance honesto. Quem sabe quando um outro livro dele cairá em minhas mãos? Logo veremos. [início 28/07/2011 - fim 31/07/2011]
"Vida conjugal", Sergio Pitol, tradução de Bernardo Ajzenberg, São Paulo: editora Companhia das Letras, 1a. edição (2009), brochura 14x21 cm, 107 págs. ISBN: 978-85-359-1427-6 [edição original: La vida conyugal (Mexico: editorial Anagrama), 1991]
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