Entusiasmado com o bom livro de crônicas "Nós passaremos em branco", de Luís Henrique Pellanda,
resolvi procurar outras coisas dele. Encontrei esse "O macaco ornamental", publicado em 2009, onde estão reunidos 13 contos e um microconto. São histórias nas quais um narrador não-nominado quase sempre se dirige diretamente ao leitor, como se as histórias fossem cartas, testemunhos, conversas de bar, registros de uma impressão particular, de um entendimento específico das coisas que esse narrador experimentou e viveu. Várias histórias parecem fixar aventuras e loucuras de carnaval, lembranças alcoólicas da primeira juventude ou adolescência. Há uma violência surda e contida nelas, até naquelas que são mais líricas. Gostei mais das longas. Em "Caldônia Beach" um sujeito procura uma garota que serviu de modelo vivo para ele quando era ainda eram ambos muito jovens; em "Chaleira" acompanhamos os sucessos de uma noite de bebedeira e conversas amalucadas vividas por um rapaz; em "Duas cartas" Pellanda destrincha os eventuais porquês de um suicídio. Mas as histórias curtas também têm seu valor. Alguns dos contos são muito inventivos, como a biografia de "São Menécio", o encontro especular dos fantasmas de "Amigo vivo, amigo morto" ou o turbilhão de mentiras de "Ursa". Luís Pellanda é mesmo um bom observador e sabe encontrar o registro certo para cada história que oferece ao leitor. Vamos a ver se encontro mais alguma outra cousa dele no futuro. [início 14/10/2011 - fim
17/10/2011]
"O macaco ornamental", Luís Henrique Pellanda, Rio de Janeiro: editora Bertrand Brasil,
1a. edição (2009), brochura 13,5x21 cm, 192 págs. ISBN: 978-85-286-1405-3
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