Neste último mês tive sim uma cota generosa de aborrecimentos, mas também pude descansar da loucura imergindo em meus livros, sem medo, sem temor. Logo após o Bloomsday, no último 16 de junho, resolvi continuar com as cousas do Joyce e ler os poemas reunidos em "Pomes penyeach". São treze pequenos achados, produzidos em Trieste, Dublin, Zürich e Paris, entre 1904 e 1924 (publicados originalmente em livro em 1927 pela icônica "Shakespeare and Company", de Sylvia Beach). Os poemas se deixam ler sem muitas dificuldades, as imagens que Joyce cria revelam um bom observador, mas não daquilo que está na superfície das coisas, antes sim do que é potência, possibilidade, destino. São poemas ligados a eventos de sua vida (a morte da mãe, a vitória do irmão em um evento náutico, sua vida difícil em Triste) mas o tom deles não é autobiográfico. Ele fala de uma flor que dá a sua filha; de alguém que chora um amor perdido; das águas calmas de uma fonte; de seus olhos glaucos, consumidos por uma inflamação; da solidão; de um pregador que grita na rua; de um pastor que leva seu rebanho pela colina. Nesta edição da Faber and faber (originalmente publicada em 1933) estão incluídos três outros poemas de Joyce: seu orgulhoso registro do nascimento do neto, Stephen Joyce, ("Ecce Puer", de 1932); uma sátira cruel sobre a Dublin literária ("The Holy Office", de 1904) e sua reação violenta à destruição da primeira edição de seu livro de contos, Dublinenses, ("Gas from a Burner", de 1912, onde ele não poupa vitupérios ao editor George Roberts, ao impressor John Falconer e a vários escritores irlandeses da época). Livros assim sempre fazem à alma um grande bem. Vale.
[início: 16/06/2016 - fim: 15/07/2016]
"Pomes penyeach", James Joyce, London: Faber and faber, 1a. edição (1991), brochura 12,5x20 cm., 32 págs., ISBN: 0-571-06630-3 [edição original: (Paris: Shakespeare & Co) 1927]
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