As vinte e uma crônicas curtas de Sergio Faraco reunidas nesse "Viva o Alegrete!" são quase sempre divertidas. São causos que exploram a singularidade absoluta que pode ser o gaúcho em geral (e um alegretense em particular): gente maneirista; zelosa de sua história, tradições, hábitos; afeita à vida no pampa; ainda saudosa dos sucessos da revolução farroupilha. Faraco faz o censo das personalidades do lugar; canta o avô italiano; o advogado tinhoso; o poeta trágico que cometeu suicídio; o louco da aldeia; a garota que foi miss; o primo estudioso; os colegas de um círculo literário; o farmacêutico abobalhado; os imigrantes "turcos"; o pedreiro que em um dia o levou a um circo; o médico que guardava um segredo; o dentista de má fama; o estancieiro assanhado; os frequentadores de um clube social. Ele fala sempre da quase paralisia do lugar, não tem saudades, antes dá conta da sorte de ter saído de lá em tempo. A maioria das histórias tem uma chave cômica, mas há espaço para crônicas sentimentais, que apelam para a memória e falam da rivalidade do Alegrete com a cidade vizinha, Uruguaiana. Divertido. Para se ler ouvindo o Canto Alegretense, claro.
[início - fim: 07/08/2016]
"Viva o Alegrete!: Histórias da fronteira", Sérgio Faraco, Porto Alegre: editora L&PM, 2a. edição, ampliada (2015), brochura 13x20 cm., 104 págs., ISBN: 978-85-254-3280-3 [edição original: 2001]
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