quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

zona de sombra

Comprei esse "Zona de sombra" durante a Feira do Livro de Santa Maria, no início do ano passado. A ideia era ler rápido e presentear um afilhado meu que é um pequeno grande leitor, o Dante. Mas, ai de mim, envolvi-me em tantos projetos de leitura que esqueci completamente deste. Quantas vezes o Dante me cobrou o livro com aqueles seus olhos fulminantes! Só mesmo um padrinho velho e canalha como eu para os suportar sorrindo e postergar tantas vezes a entrega do presente, inventando uma desculpa besta a cada vez. Na última segunda-feira recebi dele um ultimato (e assinei um "documento" comprometendo-me em entregar o livro "na primeira oportunidade", uma licença de rábula amador). Bueno. Parei tudo e terminei rápido. É um livro bem interessante, que se deixa ler com facilidade. Luís Dill inventou trinta e duas possibilidades para o encadeamento de uma história de aventuras, com direito a tiroteios, lutas, encontros fortuitos, personagens curiosos, conversas entre gente muito diferente da protagonista, Tamara. A solução de cada uma das trinta e duas histórias só se dá nos últimos parágrafos. No primeiro capítulo, único comum a todas elas, encontramos Tamara, uma adolescente, que vai ao show de um cantor de quem é fã, presencia um crime e passa a ser perseguida por desconhecidos. Na fuga ela tenta esconder-se em um edifício de aspecto sombrio, ainda em construção, onde a iluminação difusa de alguns apartamentos denuncia que ali talvez alguém possa ajudá-la a telefonar para os pais ou para a polícia e voltar para casa. A partir daí começa o jogo "borgeano" de Dill, com uma sucessão de caminhos que se bifurcam: A garota deve subir ao primeiro ou ao segundo andar do edifício? Cada escolha implica em uma outra, e o jogo poderia seguir ao infinito. Como o livro deve ser finito Dill propõe apenas cinco vezes uma nova bifurcação. Tamara deve entrar num apartamento ou no outro de cada andar? Deve aceitar ou não a ajuda dos moradores de cada um deles? Deve voltar para o térreo ou não? Deve reagir de que forma às ameaças do líder da perseguição? Seu celular tocará num momento chave da trama ou não? Assim, o leitor encontrará trinta e dois futuros do jardim de caminhos de Tamara (mas não são todos os futuros possíveis, Borges nos diria). Gostei (e acho que o Dante vai gostar). Vamos ver o que ele diz.
[início: 04/05/2016 - fim: 19/01/2017]
"Zona de sombra", Luís Dill, Porto Alegre: Artes e Ofícios Editora, 1a. edição (2014), brochura 14x21 cm, 200 págs., ISBN: 978-85-7421-229-6

2 comentários:

Jô Diniz disse...

Bem interessante! Parece mais um quebra-cabeças. Até eu fiquei interessada na opinião do ansioso Dante.

Aguinaldo Medici Severino disse...

Tá com ele. Depois te conto.