Os estoicos já nos ensinaram que não é necessário preocupar-se com os deuses, nem ter medo da morte, explicaram também que a dor pode ser suportada e que é possível encontrar a felicidade. Sêneca nasceu em Córdoba, morreu em Roma, viveu sempre próximo ao poder, no período dos Césares imperiais, e foi um estoico dos bons. Por quase dez anos viveu exilado, na montanhosa e verde Córsega. Neste período escreveu muito, inclusive esse pequeno ensaio moral, na forma de cartas, sobre a natureza do tempo e das paixões humanas. Sou mais afeito ao hedonismo franco que aos rigores do estoicismo, porém, no dia 04 do mês passado, ao completar meus 56 anos, resolvi reler esse livro, um tanto para mitigar os aborrecimentos e dores da idade, outro para me alegrar com a sabedoria compartilhada nele. Se fosse possível resumir essa pequena joia em um único aforismo eu escolheria este: "Pequena é a parte da vida que vivemos, pois todo o restante não é vida, mas somente tempo". O que fazemos de fato nos anos que nos cabem a não ser perder tempo com uma miríade de atividades tolas? Porque toleramos o tempo desperdiçado com objetivos sem sentido, sem valor; aceitamos em nome de preceitos sociais ou morais o convívio com escravos mentais, que apenas nos oferecem tonterias?; investimos tempo e dinheiro com bobagens, futilidades, ilusões e mentiras?. Uma verdadeira Citera espiritual é aquela onde organizamos nosso tempo apenas para a educação dos sentidos, a reflexão filosófica, a digressões pelos textos onde resta acumulada toda a fortuna e engenho já criado pelos homo sapiens sapiens. É pouco? Vamos ver o que alcançarei aprender no tempo que me resta. Vale.
[início/fim: 04/03/2017]
"Sobre a brevidade da vida", Sêneca, tradução de Lúcio Sá Rebello, Ellen Itanajara Neves Vranas e Gabriel Nocchi Macedo, Porto Alegre: LPeM (Coleção LPM Pocket Plus, v. 548), 1a. edição (2015), brochura 11x14, 96 págs., ISBN: 978-85-254-1512-7 [edição original: De brevitate vitae, 49AD]
Nenhum comentário:
Postar um comentário