Apesar de pequeno esse "Noite escura" é poderoso. São apenas 72 páginas no formato A6, o tamanho de um cartão postal (para quem não se lembra, cartões postais eram uma forma de mídia que utilizávamos para nos comunicar, mas essa é outra história). Rodrigo Ungaretti Tavares, que assina literariamente R. Tavares, nos conta os sucessos de uma noite, desde pouco antes da meia noite até o arrebol da manhã seguinte. Marco, um matador de aluguel, precisa resolver um trabalho que não foi bem finalizado e, junto com seu ajudante Juvêncio, toma rumo a uma fazenda na fronteira do Rio Grande do Sul com o Uruguai. Nada mais escrevo para não furtar do leitor o encanto de acompanhar como a questão prática e profissional daquele matador acaba se resolvendo. O texto é limpo, objetivo, sem muitas digressões. O ritmo é cinematográfico, lembra obviamente westerns antigos, revistas Tex, as cousas reinventadas por Quentin Tarantino, sobretudo pela estilização da violência, sempre gratuita, mesmo quando é pura ficção. Tavares não cai em armadilhas morais, nem oferece ao leitor o lenitivo de, por exemplo, uma redenção mítica. Baita livro, diria um gaúcho do campo, da fronteira, tão bem cantada por Tavares neste pequenino livro. Ojo, seguro que se ouvirá falar deste sujeito por aí. Em tempo: quase esqueço de dizer que o sujeito é apadrinhado literariamente por Alcy Cheuiche, que assina um prefácio. Só isso já vale uma missa, mas descobri que ele é primo do Botelho! Só me faltava agora ele ser parente do Giuseppe. Aí sim. Vale!
Registro #1272 (novela #71) [início-fim: 17/06/2018]
"Noite escura", Rodrigo Ungaretti Tavares, Porto Alegre: Martins Livreiro Editora,
2a. edição (2018), brochura 10x15 cm., 80 págs., ISBN:
978-85-7537-272-2
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