quinta-feira, 24 de janeiro de 2019

nuvens de algodão

Pedro Fonseca, o tradutor destes poemas, diz em uma curta nota introdutória que neste "Nuvens de algodão" estão reunidos haikus de Abbas Kiorastami. Eu sou o menor dos anões desta paróquia, nada sei de persa, versificação, teorias sobre formas poéticas, métrica, mas prefiro dizer que tratam-se de versos livres, poemas curtos e sintéticos que exploram imagens do dia a dia, contrastam experiências,  aqueles espantos e epifanias que vivenciamos todos, mas nem sempre fruímos adequadamente. Abbas Kiorastami foi um respeitado e premiado cineasta iraniano. Também foi fotógrafo, produtor e roteirista. A edição, bilingüe, não faz menção a fonte original dos 90 poemas nela incluídos, se foram compilados de uma antologia, de uma coletânea, ou cousa que o valha. Paciência. Os poemas gravitam pássaros, insetos, pequenos animais, árvores em flor, lagos, coisas da natureza. Há vezes em que o poeta prescruta o céu, o infinito, as estrelas, noutras vê de longe um vivente em seu labor ou ofício, registra o cotidiano deles, em outras ainda o poeta fala de si, de suas culpas, dos fragmentos de memória que brotam, do ritmo da passagem do tempo e da estações. "Nuvens de algodão" merece dias calmos e tempo livre para ser apreciado devidamente, um leitor não ansioso, estressado, cansado. Enfim, um leitor com capacidade de viajar, de sonhar acordado, de ficar a sós consigo mesmo e um bom livro. Vale! 
Registro #1368 (poesia #104) 
[início 15/12/2018 - fim: 02/01/2019] 
"Nuvens de algodão", Abbas Kiorastami,  tradução de Pedro Fonseca, Belo Horizonte: Editora Âyiné (coleção Das Andere #8), 1a. edição (2018), brochura 12x18 cm., 196 págs., ISBN: 978-85-92649-38-8

Nenhum comentário: