domingo, 16 de junho de 2019

a word in your ear

Li este livro ainda em sua versão primitiva, original, um PDF que o Eric Rosenbloom enviou-me em 2003 ou 2004, há quinze anos pelo menos. Rosenbloom é um entusiasta das cousas de James Joyce, de seus livros, e é também um dos pioneiros na nobre arte de editar livros com baixo custo e disponibilizá-los e/ou vendê-los em plataformas digitais. Neste seu "A Word in Your Ear" ele orienta o leitor a como enfrentar o desafio supremo que é a leitura de Finnegans Wake, de James Joyce. Desde sua publicação original, em maio de 1939, Finnegans Wake tem produzido reações de amor e desprezo, de louvor e ódio, de encantamento e rechaço, de entusiasmo e decepção. Neste 2019, quando comemoramos os 80 anos do lançamento do maior portento de Joyce, resolvi conferir novamente as curtas notas de Rosenbloom. Trata-se de um livro compacto, pequeno, só 150 páginas. Todavia, nada nele é dispensável, irrelevante, supérfluo. O livro é dividido em duas partes. Na primeira Rosenbloom se dedica a explicar algo sobre a linguagem e técnica utilizada por Joyce, fala dos personagens e propostas do livro, destrincha seus ciclos, faz associações, dá sugestões de como abordá-lo, discute a geografia, estrutura, história incluída nele, trata de uma miríade de outros temas correlatos ao romance. Na segunda parte ele faz uma espécie de leitura guiada por partes icônicas do livro (Anna Livia Plurabelle, The Mookse and the Gripes, The Ondt and the Gracehoper, King Roderick O'Conor) e treze outras passagens curtas igualmente memoráveis (The Ballad of Persse O'Reilly, Shem The Penman, Farewell to Haun, Anna Liffey, e tantos outros). Ler Finnegans Wake é tarefa para um vida, cada leitor aplica uma camada de associações e entendimento no infinito palimpsesto que o compõe. Todas as abordagens são permitidas, todas as especulações válidas. Algumas realmente demonstram ser caminhos férteis, ouro puro, fino e seminal, outras só becos sem saída, tonterias, achismos sem fim e nexo. Acontece, não só na fortuna crítica dos livros de James Joyce, mas na crítica de qualquer opúsculo ou volume que é impresso, desde que o homo sapiens inventou de contar histórias em uma caverna. De qualquer forma a ideia com Joyce sempre é se divertir. Bueno. Boa parte do livro pode ser acessada sem custo no site de Rosenbloom. Experimente. E aproveite, comemore o Bloomsday, leia James Joyce, divirta-se hoje e sempre. Afinal hoje é 16 de junho, dia de hera na lapela, dia de deambular pela cidade, saudade. Comece em qualquer ponto do livro, sem medo, sem temor, comece por "(...) riverrun, past Eve and Adam's, from swerve of shore to bend of bay, brings us by a commodius vicus of recirculation back to Howth Castle and Environs". Evoé.
Registro #1417 (crônicas e ensaios #261)
[início: 02/02/2019 - fim: 16/06/2019]
"A Word in Your Ear: How & Why to Read James Joyce's Finnegans Wake", Eric Rosenbloom, Charleston/South Carolina: BookSurge Publishing, 1a. edição (2005), brochura 13x20,5 cm, 150 págs., ISBN:1-4196-0930-0

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