sexta-feira, 7 de junho de 2019

haroldo de campos, para sempre

Há livros que não precisam ser extensos para alcançarem a categoria de fundamentais. Pois neste seu "Haroldo de Campos: para sempre" Lucia Santaella apresenta em poucas páginas um panorama rico da personalidade e obra de seu amigo, colega e mestre. Trata-se de uma justa homenagem a Haroldo de Campos, que morreu precocemente, já há mais de quinze anos, em 2003. Em seis breves capítulos Santaella nos ensina o quão completo e seminal foi Haroldo, tanto para o mundo da cultura, da literatura e da arte, quanto para o mundo da educação, da formação de novas gerações de pensadores e praticantes das artes poéticas. No primeiro capítulo ela fala da formação intelectual e acadêmica de seu biografado e da gênese da composição e publicação de toda sua obra. Nos demais Santaella complementa esse capítulo inaugural e passa a nos apresentar as várias facetas de um legítimo e digno Il miglior fabbro de seu tempo: simultaneamente poeta, crítico, ensaísta, tradutor, teórico, professor e amigo. Não são peças simplesmente laudatórias. Ela fundamenta suas reflexões e situa com vastas referências as muitas contribuições de Haroldo, sejam as mais teóricas, para o campo da tradução e/ou transcriação, sejam as especialmente poéticas, que dão conta de sua original invenção poética. Uma completa bibliografia e uma robusta lista de referências orienta o eventual leitor para onde rumar caso queira mais informações sobre Haroldo de Campos, mais sabedoria, mais luz haroldiana. No portal da Casa das Rosas e no portal do Itaú Cultural há bons textos curtos sobre ele. Santaella dá destaque a qualidade de uma tese defendida por Thelma Médici Nóbrega em 2005, sobre a biografia intelectual de Haroldo, mas descobri que apenas do abstract desta tese está disponível digitalmente. Eu cá sugiro o bom Signâncias, Festchrift publicado em 2011. Enfim, em agosto Haroldo de Campos completaria 90 anos. Talvez seja o caso de ler alguma coisa dele, celebrar uma vez mais sua obra e vida. Talvez seja a hora de reler os fragmentos do Finnegans Wake que ele e seu irmão  Augusto traduziram, afinal o Bloomsday a caminho está. Evoé Haroldo, evoé. Vale! 
Registro #1412 (crônicas e ensaios #258)
[início: 27/05/2019 - fim: 29/05/2019]
"Haroldo de Campos: para sempre", Lucia Santaella, São Paulo: EDUC, 1a. edição (2019), brochura 14x18 cm, 80 págs., ISBN: 978-85-283-0626-2

Nenhum comentário: