Apesar de conhecer vagamente e ter vários amigos que são verdadeiros entusiastas, nunca acompanhei seriamente as histórias gráficas de Sandman. Noutro dia vi uma entrevista com o autor, Neil Gaiman, e gostei do sujeito. Ele é mais ou menos da minha geração e sua descrição de como era difícil acompanhar as histórias em quadrinhos na Inglaterra dos anos 1960 lembrou-me meus dias são-bernardenses. De qualquer forma ele esteve recentemente na Feira Literária de Paraty, a FLIP, e passou seis horas autografando livros, notadamente aqueles da infinita série Sandman. Ao mesmo tempo ele fez propaganda deste "Coisas Frágeis", livro de contos cujas histórias foram publicadas antes em diversas revistas ao longo dos dez 10 últimos anos. Resolvi comprar e ler. Este livro tem um prefácio onde o autor apresenta os contos, a gênese de cada um deles, e explica em que contexto foram produzidos e publicados. Isto faz uma grande diferença na recepção dos contos (já comentei aqui sobre o desconforto com a falta de ritmo advinda da ausência deste tipo de introdução ou apresentação de outros livros de contos.) Eles lembram em sua maioria histórias de Edgar Allan Poe ou de Arthur Conan Doyle, mas têm muito do ritmo e da cultura pop dos últimos vinte anos recheando as lacunas e ilações das tramas. Os temas também devem muito a temas mitológicos ou, melhor dizendo, a um conhecimento seguro da mitologia nórdica e greco-romana. É um livro para quem gosta de literatura fantástica e um tanto de suspense. Lê-se sem compromisso, diverte-se um tanto, mas é certo que eu gosto de algo com mais estofo.
"Coisas Frágeis", Neil Gaiman, tradução de Micheli de Aguiar Vartuni, editora Conrad, 1a. edição (2008) brochura 16x23cm, 205 pág. ISBN: 978-85-7616-305-3
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