Encontrei esse volume de poemas de Paulo Scott em um sebo de sua Porto Alegre fundamental, num dia feliz de fevereiro em que voltávamos, Helga e eu, de umas férias de sonho. "A timidez do monstro" é de 2006, reúne 56 poemas quase sempre curtos, potentes, algo ríspidos, de um autor que não tem medo de ser hermético aos eventuais leitores, que cobra de cada um de nós atenção e tempo na leitura. Os poemas são enfeixados com laudas completamente negras e ilustrações, assinadas por Guilherme Pilla, um artista plástico gaúcho. O efeito de alternância dos poemas com as laudas negras e as ilustrações (sempre de um preto e branco fortíssimo, inspiradas nos poemas) é interessante. Lembram os fade in, fade out do cinema, aquelas transições lentas entre cenas que permitem ao espectador organizar as informações contidas em cada uma delas. O narrador dos poemas é um observador que coleta epifanias diárias, curioso, mundano e que articula apenas as palavras necessárias para descrever o que sente, sem verborragias. Li esse volume juntamente com o mais recente de sua lavra, "Garopaba Monstro Tubarão", a mais recente metamorfose do monstro tímido deste volume, sobre o qual falarei amanhã mesmo aqui. Vale!
Registro #1377 (poesia #106) [início: 19/02/2019 - fim: 21/02/2019]
"A timidez do monstro", Paulo Scott, Rio de Janeiro: editora Objetiva, 1a. edição (2006), brochura 13x21 cm., 112 págs., ISBN:
978-85-7302-760-6
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