Xico Sá é um conhecido jornalista e escritor, que por vezes parece onipresente na mídia e redes sociais. Deve ser mesmo um sujeito inquieto. Esse pequeno livro reúne 72 haikai inspirados na presença de muitos nordestinos na cozinhas dos restaurantes do bairro da Liberdade, tradicional bairro paulista, identificado originalmente com a comunidade japonesa, mas hoje território franco, repleto de etnias dos quatro cantos do globo. Xico Sá confessadamente não é escravo da forma, da métrica convencional, aquela que define que nos haikai sempre há três versos e não mais que dezessete sílabas, divididas
em cinco sílabas no primeiro e no terceiro verso e sete no segundo. A edição é muito bonita, impressa em preto, branco e um ocre que lembra o quase deserto que é o sertão do título, alternando os haikai, ilustrações e gravuras. Os haikai flutuam, entre a Liberdade e nordeste, captam contrastes entre essas duas culturas tão distintas, que o olho do poeta quis fundir. Livrinho bacana, que se deixa ler em uma tarde regada a sakê ou cachaça. Vale!
Registro #1380 (poesia #108) [início - fim: 16/03/2019]
"Sertão Japão", Xico Sá, xilogravuras de José Lourenço, ilustrações de Thais Ueda, São Paulo: Casa de Irene,
1a. edição (2018), brochura 11x16 cm., 88 págs., ISBN:
978-85-924566-0-3
Nenhum comentário:
Postar um comentário