Ontem mesmo registrei aqui algo sobre as poesias de Paulo Scott, reunidas em seu volume "A timidez do monstro", publicado em 2006. Pois no mesmo dia em que o encontrei, tive a sorte de receber também sua produção mais recente, uma edição muito boa da Demônio Negro, lançada no início deste ano. Estão nele reunidos 54 poemas em quatro conjuntos, em sessões identificadas como "Livro do outro", "Redemoinho", "Livro do mundo", "Flutuação". Não consigo exatamente identificar o que os faz separados em cada conjunto. De qualquer forma isso pouco importa. Paciência. Os poemas falam de lembranças de infância e juventude; da família (um irmão, uma avó, algumas mulheres); de influências importantes (João Gilberto Noll, Nelson Mandela, Jim Harrison); de cidades onde se destila violência e do mar que consola; da experiência da estrada, sempre a BR101, que liga as cidades catarinenses de Garopaba e Tubarão do título; da memória fragmentada de datas ou épocas marcantes; de cenas que um narrador descreve quando está solitário, nada faz, mas permanece muito atento a seu entorno. Flaubert dizia que era um urso, na sua toca de urso, que tinha uma pele de urso como companhia. Em um dos poemas o narrador de Scott fala que veste um traje de boi, que talvez será imolado em um churrasco. Os deuses da poesia não esperariam queima mais nobre, mais completa. Evoé Scott, evoé! Vale!
Registro #1378 (poesia #107) [início: 19/02/2018 - fim: 28/02/2018]
"Garopaba Monstro Tubarão [2016-2018]", Paulo Scott, São Paulo: V. de Moura Mendonça Livros (Selo Demônio Negro), 1a.
edição (2018), capa-dura 16,5x23,5 cm., 86 págs., ISBN: 978-85-66423-50-1
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