"Cómo ser europeos" reune oito ensaios de Cees Nooteboom que foram produzidos originalmente para propósitos diferentes. Alguns foram lidos em conferências, outros publicados em jornais, uns poucos para consumo pessoal do autor. Em comum entre eles está a preocupação em entender e acompanhar o processo de unificação pelo qual passou a Europa na segunda metade do século XX, a tentativa de criar uma comunidade e/ou identidade européia singular. Os mais antigos são de 1988, antes da queda do muro de Berlin e da derrocada da união soviética; os mais recentes de 1993, ainda com os ecos daquela transição retumbando nos corações e mentes dos europeus. Nooteboom sabe ler com precisão os muitos desafios que a idéia de unificação européia tem (e ainda os têm, mesmo agora, neste início de século XXI, passados 15 ou 20 anos da publicação original dos ensaios). Isto torna os ensaios ainda atuais, pois há muito artificialismo na idéia de uma Europa unida. Como se pode unificar plenamente 500 milhões de pessoas? Como se pode universalisar neste conjunto histórias, tradições, comportamentos e projetos de futuro distintos? Ora se apoiando em fábulas e na mitologia, ora refletindo filosoficamente, ora apenas repercutindo com curiosidade as notícias mais importantes dos jornais da época, Nooteboom adverte-nos com elegância e sabedoria sobre os riscos que este projeto intrinsicamente tem. Aqueles de nós que apenas conhecemos a superfície da cultura e história europeia, turista eventuais e banais que somos, podemos aprender um tanto com este holandês errante, este viajante incomum. Boa leitura. [início 19/11/2008 - fim 29/11/2008]
"Cómo ser europeos", Cees Nooteboom, tradução de Anne-Hélène Suárez Girard, Ediciones Siruela, (2a. edição) 2006, brochura 11x15, 126 págs. ISBN: 978-84-78344-295-9
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