Os livros não tem pudor, exibem-se desavergonhados nas estantes, ávidos pedintes por leitores de ocasião. Comprei e li este exemplar de "A ilha da desolação" como quem uma vez mais procura uma amante conhecida, de quem sabemos bem os hábitos mas que acreditamos serem capazes de ainda nos surpreender. Este é mais um dos romances históricos de marinharia de Patrick O´Brian (é o quinto na verdade, tratando de acontecimentos imediatamente posteriores ao "Expedição à Ilha Maurício, que resenhei aqui meses atrás). O capitão Aubrey volta a seu posto depois de ter assumido o de Comodoro na aventura anterior. Após meses de vida doméstica na Inglaterra é incumbido de levar um grupo de prisioneiros à distante Austrália e depois auxiliar o governador do lugar a manter a ordem pública. Apesar da irrelevãncia do comando oferecido Aubrey aceita pois qualquer coisa é melhor que o aborrecido campo inglês e os problemas nos negócios. Seu amigo médico (e espião inglês nas horas vagas), Stepehn Maturin, também vê na viagem uma oportunidade de afastar de uma decepção amorosa e de seu vício crescente pelo laúdano. Entre os prisioneiros do navio há uma americana, anteriormente associada exatamente pela mulher por quem Maturin está apaixonado. No longo caminho até a Austrália Aubrey e sua tripulação se vêem em tribulações mil: tempestades, mortes na tripulação, epidemia de tifo, calmarias longas e desgastantes, falta de água, paradas forçadas - no Recife brasileiro aliás, um renhido combate naval com uma embarcação holandesa, quebra do leme do navio, dificuldades na navegação pelas águas geladas do oceano antártico, abandono de parte da tripulação. Finalmente conseguem atracar em um porto isolado de uma ilha distante chamada Desolação. Americanos e ingleses reinvindicam soberania pela ilha e a chegada repentina de um navio baleeiro americano gera forte tensão entre os dois grupos (hoje a ilha é uma possessão francesa). Aubrey necessita de ajuda dos americanos para consertar o leme de seu navio, enquanto estes precisam com urgência da habilidade médica de Maturin. A tensão entre os dois grupos reflete o ambiente que antecede a guerra que haverá entre os dois países em 1812 (na qual a Casa Branca foi incendiada e o jovem país quase voltou a fazer parte do império britânico, cabe dizer). É um livro bastante movimentado. A perseguição e a batalha contra o navio holandês é animada. Os truques de espionagem e contra-espionagem descritos no livro também. É um bom divertimento de férias. Leitura descompromissada mas que tem seu valor. [início 14/02/2009 - fim 18/02/2009]
"A ilha da desolação", Patrick O´Brian, tradução de Sônia Coutinho, editora Record (1a. edição) 2009 brochura 13,5x21, 413 págs. ISBN: 978-85-01-08078-3
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