Em novembro do ano passado, quando da feira do livro de Porto Alegre, encontrei meus amigos livreiros, entre eles o André Gambarra da Nova Roma e o industrioso Marcos Lindenmayer. Estávamos todos acompanhando o folhetim do Tailor Diniz, pinçando a miríade de citações e homenagens que o Tailor incluia na história de detetives que contava. Foi divertido. Mas o André e o Marcos estavam a trabalho, lançando vários livros por lá. Através deles acabei conhecendo o Fernando de Garcia, que lançava ali seu "O príncipe irreal e o poeta errante". Segundo ele alguns poemas terçavam com a física e a metafísica. Comprei o livro, li um punhado de páginas mas acabei desviando por outras histórias. Agora mais recentemente, ainda encantado com os poemas de Sylvia Plath resolvi retomaro livro do Fernando. Bom, a edição é muito bem cuidada, com capa dura, bela diagramação e costuras, ilustrações (de Edu Oliveira) que dialogam com o texto e lembram um tanto as cousas do Magritte. São dois conjuntos de poemas. O maior é de 1973, dos tempos que o Fernando de Garcia estava no serviço diplomático brasileiro, viajando mundo afora, errante poeta experimentando a vida. O conjunto menor me parece mais recente, talvez todo ele de 2008 mesmo, mas igualmente fruto de deslocamentos e viagens. Os dois conjuntos mantem um diálogo, como se o Fernando voltasse no tempo e estivesse a conversar com aquele outro autor, após trinta e cinco anos. O segundo conjunto de poemas é quase todo ele dedicado a terceiros, aumentando assim o círculo de interlocutores das conversas que ele estabelece através dos poemas. Os temas são bastante variados, ora ele fala de um encontro em um Rio de Janeiro estival, ora de um beijo roubado na Tailândia, ou ainda conta o percurso por uma rua movimentada de Porto Alegre refletindo um tanto. Em muitos de seus poemas surge o ouro (uma potência ou deidade, quem sabe?), os amigos, os enigmas da vida. Armindo Trevisan assina uma curta introdução, boa de se ler. Estes dias vagabundos de férias se prestam ao vagar que a leitura dos poemas exigia. Bons dias de leitura. [início novembro/2008 - fim 10/02/2009]
"O príncipe irreal e o poeta errante", Fernando Cacciatore de Garcia, editora Nova Roma (1a. edição) 2008, capa dura 17x25, 96 págs. ISBN: 978-85-60859-01-6
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