terça-feira, 10 de maio de 2011

o

Comprei este "O" sem ao menos folheá-lo (claro, a assinatura do Cabrera Infante defende o livro automaticamente). Acontece que por aqueles dias de março eu estava a ler "Ó" do Nuno Ramos e as mágicas afinidades que existem entre os livros me convenceram que era hora de retomar algo deste sujeito (lembro-me vividamente de Mea Cuba, Três Tigres Tristes e Holy smoke). Foi Don Gus, senhor dos sebos, quem encontrou este livro e vendeu-me, acrescentando uma risada generosa, daquelas que nos fazem ganhar o dia. Bueno. "O" reúne onze ensaios bem humorados e uma cronologia ainda mais divertida (que deve ter sido acrescentada à edição original de 1978, já que esta edição da editora da Universidade de Alcalá de Henares é comemorativa da entrega do prêmio Cervantes a Cabrera Infante em 1997). Os ensaios são variados, mas tratam sobretudo de cinema, de literatura e de cultura pop. O texto contando seu cotidiano londrino e seu amor a um gato é muito bom (mas eu sou suspeito para falar, senhor de gatos que também sou). Correto e nada cabotino é o relato de sua primeira prisão em meados dos anos 1950, ainda em Cuba, por conta de um texto que o governo de plantão à época achou ofensivo (a desgraça dos cubanos é sempre ter alguém vigiando e censurando o que todos pensam, escrevem e falam, pobre país). Há ensaios mais longos onde Cabrera Infante discute poesia popular, onomástica, Limericks e alta literatura. Outros, mais curtos, apenas registram a agenda cultural, fatos políticos, cinema e artes plásticas da Londres suburbana dos 1960 e 1970. Reconhecidamente um grande frasista e mestre no jogo de palavras, Cabrera Infante oferece neste pequeno livro uma boa mostra de seus talentos. [início 01/05/2011 - fim 06/05/2011]
"O", Guilhermo Cabrera Infante, Alcalá de Henares: Ediciones de la Universidad (Fondo de Cultura Económica - Biblioteca Premios Cervantes), 1a. edição (1998), capa-dura 14,5x22 cm, 203 págs. ISBN: 84-375-0448-1 [edição original: Seix Barral, 1975]

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