Conhecia esse "Dicionário do diabo" apenas por citações de terceiros, comentários feitos em revistas literárias e artigos de jornais antigos (textos do Paulo Francis, do Tarso de Castro, do Ruy Castro, do Arthur Piza, por exemplo, que lia ainda nos anos 1970). A Carambaia publicou essa edição em novembro do ano passado, mas foi apenas em março que consegui meu exemplar (o de numero 794 de uma edição de mil exemplares, adoro esses mimos paratextuais das editoras que valorizam o produto que vendem). Fiquei com o volume sempre à mão por meses, consultando os verbetes ao acaso. Afinal, não se trata de um livro para se ler de um só fôlego, de capa a capa, sem interrupções. É divertido abri-lo aleatoriamente e encontrar nele, um verbete, um aforismo, que parece oferecer a solução para os aborrecimentos do dia. Ambrose Bierce escreveu-o ao longo de muitos anos, talvez ainda no inicio dos anos 1870, comprovadamente na revista "The Wasp", da qual foi editor, até uma primeira versão em livro, em 1906, ainda chamado "Dicionário do cínico", e depois chegar a versão definitiva, em 1911, já como "Dicionário do diabo". O livro inclui verbetes, de A a Z, que têm sempre um tom aforístico e também poemas. Bierce era um mestre da ironia e os verbetes registram isso muito bem. Nada é venerável o suficiente para não ser achincalhado por ele. A edição é belíssima. O projeto gráfico inverte as cores das páginas e das letras, dando ao livro um aspecto solene e soturno (uma galhofa extra, compatível com o espírito do livro). Divertido.
Registro #1227 (aforismos #9) [início: 13/04/2017 - fim: 11/10/2017]
"O dicionário do diabo", Ambrose Bierce, tradução de Rogério W. Galindo, São Paulo: Editora Carambaia, 1a.
edição (2016), capa-dura 13,5x19 cm, 306 págs. ISBN: 978-85-69002-20-8 [edição original: The Devil's Dictionary (London: Arthur F. Bird) 1906]
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