Publicado originalmente em 1973 este pequeno livro ficou muitos anos sem ganhar uma reedição. O pacote de mimos que consegui trazer de Madrid no ano passado incluiu este livreto, mas só agora tive o tino de lê-lo. Conheci as músicas de Joan Manuel Serrat através de Oscar Torales, um amigo argentino, físico e bom músico, de quem perdi contato há quanto tempo? Vinte anos? O problema do tempo e da memória é este acumulo de escolhos e saudades. Bueno. Manolo Montalbán inclui nos relatos biográficos deste livro apenas o que ele pode apurar dos primeros anos de Serrat, aqueles anos em que sua biografia se confunde com a luta do povo catalão pelo direito de se expressar em sua língua. A morte de Franco e a redemocratização da Espanha não estavam muito longe no horizonte. Este livro faz parte de um projeto maior de Montalbám, o livro de análise da Nova Cançó catalana e da música dos anos duros da ditadura de Franco, que ele publicou no início dos anos 1970, chamado "Cancionero general do franquismo". Ele descreve a origem e a biografia de Serrat, sua sucesso inicial, o desafio de passar a cantar em castelhano (um achincalhe e traição segundo muitos catalães), a difícil decisão durante o Eurovision de 1968, os anos de ostracismo provocado pela política cultural de franco. Montalbám sabe criticar e apontar os equívocos de Serrat, mas sabe também não perder a ternura, não perder o carinho que tem pelo jovem cantor catalão, de origem proletária, que havia conquistado legiões de admiradores tão rapidamente. O livro é repleto de canções de Serrat e vale como iniciação a sua obra. O que me impressiona em Manolo Montalbám é a forma como ele antecipa em uma década o ufanismo (e quase xenofobismo) que contaminará toda a Catalunha durante os jogos olímpicos de 1982. Grande sujeito. Sempre. Haverá mais Montalbám por aqui neste ano. [início 13/05/2011 - fim 27/05/2011]
"Joan Manuel Serrat", Manuel Vázquez Montalbán, Barcelona: editorial Nortesur, 1a. edição (2010), brochura 10x17 cm, 111 págs. ISBN: 978-84937357-9 [edição original: Ediciones Júcar (Barcelona) 1973]
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