Do Escobar Nogueira já registrei aqui três bons volumes de poesias: Curta-metragem (2006), Pejuçara (2009) e Borges vai ao cinema com Maria Kodama (2015). "Rapaz com cicatriz" é sua publicação mais recente. São 42 poemas divididos em três conjuntos. São propostas curtas, que quase sempre capturam uma experiência, um momento que se esvai, uma conversa entre um poeta e suas encarnações antigas, ainda não exatamente poéticas, mas que já tinham tino de grafar no corpo as cousas da vida, que são agora são por ele recolhidas. No primeiro dos conjuntos, Rapaz com cicatriz, o poeta fala de uma infância remota, da escola e da família, de histórias em quadrinhos e de planos ou sonhos de um futuro. No segundo conjunto, "O livro caixa de Ramilo Rocha", bipartido entre dois subconjuntos, primeiro o narrador faz um censo sentimental de seus amores, talvez apenas imaginados, sublimados, depois explicita a experiência igualmente bruta e doce que é a do sexo, pago em dinheiro ou em dores. O último conjunto, "Máquina lírica", já é a do poeta precursor de si mesmo, em seu tempo, que viaja, vence o cotidiano, lê, amarga a vida, olha para o passado sem pressa, sem culpa, sem temor. Poemas bem burilados, de um bom leitor e artífice. Evoé Escobar, evoé. Vale!
Registro #1535 (poesias #129) [início: 06/05/2020 - fim: 08/05/2020]
"Rapaz com cicatriz", Escobar Nogueira, Porto Alegre: Artes & Ecos, 1a. edição (2020), brochura 14x21
cm., 72 págs., ISBN: 978-85-93459-27-6
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