Nesta história de Simenon o comissário Maigret se envolve com o mundo dos endirenhados, sempre acima de qualquer suspeita. O caso de assassinato é banal. Um sujeito é encontrado morto em um hotel cinco estrelas, afogado em uma banheira. A mulher com quem esta envolvido, também hospedada neste hotel, desaparece e é a principal suspeita. Com a ajuda de seu ex-marido, um rico financista belga, logra se afastar rapidamente da curiosidade dos jornais sensacionalistas. Maigret segue a pista certa desde o início. De Paris a Monte Carlo, de lá a Genebra e logo de volta a Paris em um par de dias. Uma noite a mais circulando pelos corredores do hotel e se familiarizando com o ritmo do local e das vizinhanças é o que basta para Maigret descobrir como o assassino, seu suspeito particular desdo o início, cometeu o crime. Ao ser desmascarado o sujeito percebe a inutilidade de negar sua participação. Nos livros de Simenon os fundamentos dos romances policiais são explícitos. Pouco nos surpreendem. Nos enredamos rapidamente com a história. É uma espécie de vertigem. Ele não dá ao leitor muita chance de refletir e imaginar o que vem a seguir (apesar do óbvio da elucidação de um crime qualquer nas últimas páginas). Para escapar da realidade de um dia que cheire a tédio nada melhor que livros desta natureza. O livro discute superficialmente sobre a estrutura de classes francesa. Há um momento em particular na história onde Maigret trai seu provincianismo, situação que o aborrece sobremaneira, quase impedindo-o de raciocinar adequadamente. Nisto há um anacronismo temporal, pois as relações entre o poder, a justiça e a riqueza, mesmo em uma sociedade reconhecidamente estanque como a francesa, mudaram muito nos cinquenta anos que se passaram desde a publicação original do livro. Paciência. [início 12/03/2011 - fim 13/03/2011]
"Maigret sai em viagem", Georges Simenon, tradução de Alessandro Zir, editora L&PM Pocket (v. 889), 1a. edição (2010), brochura 10,5x18 cm, 164 págs. ISBN: 978-85-254-2053-4 [edição original: Maigret voyage, Presses de la Cité (França), 1958]
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